Outubro 12, 2024

Prefeita de Vitorino Freire (MA), irmã do ministro das Comunicações, é alvo de operação da PF sobre desvios na Codevasf

Irmã do ministro da Comunicações, a prefeita de Vitorino Freire (MA), Luanna Rezende, se tornou alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) contra supostos desvios na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), nesta sexta-feira (1º).

Investigadores apuram se parte dos recursos teria sido usada para asfaltar uma rodovia que leva à fazenda da família do ministro e da prefeita.

Luana Rezende foi afastada do cargo por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso. Ela estava no segundo mandato como prefeita. O ministro Juscelino Filho, por sua vez, é investigado no caso, mas não é alvo de mandados.

Segundo a colunista Camila Bonfim, o percurso dos recursos públicos era o seguinte:

  • Ministro Juscelino Filho destinava dinheiro de emendas para a cidade de Vitorino Freire.
  • A irmã dele era a prefeita da cidade.
  • Parte dos recursos era aplicada no asfaltamento de uma rodovia que leva à fazenda da família deles.

A empresa responsável pelo asfaltamento, a Construservice, firmou ao todo três contratos com a Codevasf para a realização de obras em 12 municípios no Maranhão entre os anos de 2019 a 2021. Os contratos, que somam R$ 15 milhões. Na época, Juscelino Filho era deputado federal.

A Codevasf é uma estatal responsável por realizar obras e serviços em estados do Nordeste, do Norte e no Distrito Federal.

Os nomes de outros alvos da operação desta sexta-feira não foram divulgados até a última atualização desta reportagem. O g1 procurou Luanna Rezende e a Codevasf, mas não teve retorno até por volta de 9h30.

Em nota, os advogados do ministro, Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso, afirmam que Juscelino Filho atua pautado pelo interesse público e atendimento da população. O texto diz, ainda, que emendas parlamentares são instrumentos legítimos e democráticos. Leia a íntegra abaixo.

"Toda atuação de Juscelino Filho, como parlamentar e ministro, tem sido pautada pelo interesse público e atendimento da população. É importante ressaltar que Juscelino Filho não foi alvo de buscas e que o inquérito servirá justamente para esclarecer os fatos e demonstrar que não houve qualquer irregularidade. Emendas parlamentares, vale dizer, são instrumentos legítimos e democráticos do Congresso Nacional e Juscelino Filho segue à disposição, como sempre esteve, para prestar esclarecimentos às autoridades"

Mandados em três cidades
Além do afastamento da então prefeita, Barosso autorizou que a PF realizasse 12 mandados de busca e apreensão, nas cidades de São Luís (MA), Vitorino Freire (MA) e Bacabal (MA). Além disso, estão sendo cumpridos:

  • Medidas cautelares diversas da prisão;
  • Afastamento da função pública;
  • Suspensão de licitações;
  • Vedação da celebração de contratos com órgãos públicos, bem como ordens de indisponibilidade de bens.

Se confirmadas as suspeitas, os investigados poderão responder por fraude a licitação, lavagem de capitais, organização criminosa, peculato, corrupção ativa e corrupção passiva.

O nome desta terceira fase da operação Odoacro é "Benesse", que, segundo o dicionário Oxford, significa “vantagem ou lucro que não deriva de esforço ou trabalho”.

Operação Odoacro
A investigação, iniciada em 2021, teve a sua primeira fase deflagrada em 20 de julho de 2022, e a segunda, em 5 de outubro de 2022. Esta nova fase visa alcançar o "núcleo público" da organização criminosa, informou a PF.

A principal empresa apontada no esquema é a Construservice, que tem como sócio oculto Eduardo Costa Barros, preso na primeira fase. Segundo a PF, ele comandava um esquema de lavagem de dinheiro realizado a partir do desvio de verba pública, por meio de fraudes em licitações.

Na prática, os criminosos criavam empresas de fachada e simulavam competições durante as licitações, com o propósito de fazer com que a empresa vencedora fosse sempre a de Eduardo.

A Construservice fechou contratos com a Codevasf para realização de obras de pavimentação com asfalto ou bloquetes, assinados entre 2019 a 2021, em 12 municípios. Somados, os contratos chegam a R$ 15 milhões.

A empresa foi a segunda que mais firmou contratos com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na segunda fase da Odoacro, um gerente da Codevasf foi afastado das suas atividades por suspeita de ter recebido cerca de R$ 250 mil das empresas envolvidas no esquema.

g1
Portal Santo André em Foco

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