Outubro 02, 2024

Caso Júlia: ‘Não demonstra arrependimento’, diz delegado sobre padrasto que confessou ter matado enteada

O delegado Hector Azevêdo, responsável pela investigação da morte da adolescente Júlia dos Anjos, disse nesta quarta-feira (13), em entrevista coletiva na Central de Polícia de João Pessoa, que Francisco Lopes, o padrasto que confessou ter matado a menina, aparenta frieza e não demonstra nenhum arrependimento pelo crime. O corpo foi retirado de um poço na Praia do Sol nesta terça-feira (12), local apontado pelo suspeito. A polícia aguarda a conclusão de exames que podem apontar se a menina sofreu abuso sexual antes de ser morta.

“Ele demonstra ser uma pessoa muito fria. Não esboça sentimento nenhum, não demonstra arrependimento”, afirmou o delegado em entrevista coletiva. Segundo Hector Azevêdo,o único pedido feito por Francisco foi para contar o fato pessoalmente a irmã. “A irmã entrou em choque com aquela notícia, mas ele continuou calmo e com o mesmo semblante".

O delegado disse que Francisco confessou ter matado a menina por asfixia, em casa, na cama em que ela dormia. Em seguida, colocou a adolescente já sem vida no carro e levou até a cacimba onde o corpo foi encontrado. Depois de matar a enteada e se livrar do corpo, ele voltou para casa. Mais tarde, o suspeito, que trabalhava como mecânico de elevador, foi para o trabalho e jogou o celular de Júlia fora.

"Foi trabalhar normalmente como se nada tivesse acontecido. Ao ir trabalhar, pegou o celular dela e jogou nas proximidades de um rio, perto da Acadepol, mais ou menos no caminho do trabalho dele".

Hector Azevêdo relata também que a família morava em um apartamento no térreo e que o carro de Francisco estava estacionado na garagem, a no máximo três metros, já o reservatório de água onde o corpo foi deixado ficava há no máximo 600 metros do prédio. Até o momento, a informação é que Francisco agiu sozinho, mas as investigações continuam. A polícia também ainda não pode indicar se foi premeditado, mas o delegado afirmou que o suspeito conhecia o local onde deixou o corpo da enteada.

O suspeito alega que cometeu o crime porque a adolescente não aceitava a gravidez da mãe. O delegado disse que, de acordo com depoimentos de familiares sobre o comportamento de Júlia, essa tese não tem nenhum fundamento. “É completamente inverossímil, não tem nenhum fundo de verdade nisso aí”, pontuou.

O padrasto nega que tenha abusado sexualmente da enteada. O delegado disse que, após a confissão dele, familiares relataram que havia uma desconfiança de conotação sexual na relação dele com a enteada. “Um familiar relatou ter presenciado olhares lascivos [ de Francisco para Júlia]. Ontem chegou a informação de que ele tinha sido pego olhando a menina no banheiro”.

Após audiência de custódia, a Justiça da Paraíba decretou a prisão preventiva de Francisco. Ele vai para o Presídio do Roger, em João Pessoa.

O corpo de Júlia permanece no Instituto de Polícia Científica (IPC). Até o momento, não há previsão sobre quando será liberado.

Contradições
Segundo o delegado titular da delegacia de homicídios, Rodolfo Santa Cruz, Francisco entrava em contradição em todas as vezes em que foi ouvido. “Foram realizadas perícias, já existiam alguns elementos e, nas oitivas, ele apresentava diversas contradições. Essas contradições foram apontadas para ele, que reconheceu e fez a confissão.”

Uma das contradições que levaram a polícia a desconfiar do padrasto de Júlia foi ele ter dito, em depoimento, que ao sair para trabalhar, trancou a porta e jogou a chave para dentro de casa, pela janela. Depois, segundo o suspeito, a menina poderia ter feito a mesma coisa e fugido de casa. Porém, a chave dificilmente cairia exatamente no mesmo lugar ao ser arremessada da janela, conforme o delegado.

Outra questão que a Polícia Civil observou foi o celular de Francisco ter caído e quebrado no mesmo dia do desaparecimento da adolescente. Além disso, o suspeito estava com cortes no rosto e alegou ter sido um acidente com um barbeador, mas a sua barba não aparentava ter sido feita recentemente.

Na terça-feira (11), o padrasto deu uma entrevista à TV Cabo Branco e indicou a Praia do Sol como um lugar provável onde a menina teria ido depois do desaparecimento.

“Uma mulher que trabalha na Praia do Sol, eu conheço ela, mas não sei o nome, afirmou que viu Júlia e a gente está investindo nisso. Ela realmente conhece Júlia, e ela falou para mim, pessoalmente, que viu Júlia e que ela estava com um olhar de medo. Só que ela não sabia que Júlia tinha sumido, que os familiares estavam atrás dela, por isso não segurou a menina”, disse Francisco.

Nesta quarta-feira (13), o delegado Hector Avezêdo disse que a mãe de Júlia, Josélia, durante as oitivas aparentava ser influenciada pelo suspeito. "Bastante influenciada pela versão que ele contava". Segundo o delegado, Josélia e Francisco se conheciam há cerca de três anos, namoravam há 10 meses e passaram a morar juntos há três meses, em um apartamento no bairro de Gramame.

Entenda o caso
Júlia dos Anjos morava com a mãe, Josélia Araújo, e o padrasto, Francisco Lopes, no bairro de Gramame, em João Pessoa. A menina desapareceu na quinta-feira (7).

A mãe relatou inicialmente que a filha havia recebido mensagens de uma mulher na quarta (6), que alegou gostar do perfil dela no Instagram, e teria se oferecido para dar dicas de marketing digital para a adolescente.

A mulher desconfiava que esse poderia ter sido um dos motivos do desaparecimento da filha, hipótese que foi descartada posteriormente

Nesta terça-feira (12), as suspeitas recaíram contra o padrasto, que após novo depoimento confessou o crime. Depois da confissão, ele ajudou os policiais a encontrar o corpo da criança, no local onde esse tinha sido abandonado.

g1 PB
Portal Santo André em Foco

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