Outubro 04, 2024

Mais doze pessoas são resgatadas em condições de trabalho análogo ao escravo no Sertão da PB

Mais doze pessoas foram resgatadas em condições análogas às de trabalho escravo, em Junco do Seridó, no Sertão paraibano. O resgate aconteceu após uma inspeção do grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) em minas de extração de caulim, entre a quinta (6) e sexta-feira (7). Em maio deste ano, outros doze trabalhadores já haviam sido resgatados na mesma região.

Conforme o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT-PB), Eduardo Varandas, os trabalhadores foram encontrados no Sítio do Galo Branco, zona rural da cidade. "Nós encontramos trabalhadores de 25 até 50 anos de idade, o que nos causa espécie é que todos ganhavam menos que um salário mínimo, apesar de um trabalho extremamente degradante", relatou.

Segundo Eduardo, foi constatado que os trabalhadores desciam nas minas de 30 a 40 metros de profundidade. "Eles desciam em um buraco extremamente estreito, isso é um trabalho que a gente define como trabalho em confinamento. Uma situação precária com, inclusive, registro de inúmeros acidentes de trabalho. Alguns nos relataram que colegas já haviam morrido nessas minas", explicou.

De acordo com o procurador do MPT, parte dessas pessoas moram na Paraíba e outra no limite entre o Estado e o Rio Grande do Norte. Os trabalhadores são da zona rural de Junco do Seridó e Tenório (PB) e de Equador (RN).

Ainda conforme Eduardo, a média salarial desses trabalhadores chega a no máximo R$ 400 ou R$ 600 por mês. "O caulim é comprado por grandes empresas, por cerâmicas e outras empresas de beneficiamento para produção de pisos, de azulejos. O problema é que, na verdade, esse trabalho é extremamente barato, é um trabalho muito explorado, em condições degradantes, que pelo código penal são análogas à escravidão", enfatizou.

Doze trabalhadores resgatados em maio
Outras doze pessoas já haviam sido resgatadas em condições análogas às de trabalho escravo, em Salgadinho, também no Sertão paraibano. O resgate aconteceu após uma operação de fiscalização da Gerência Regional do Trabalho em Campina Grande e da Polícia Rodoviária Federal.

De acordo com a auditora fiscal coordenadora da ação, Gislene Stacholski, essas pessoas, que atuavam na extração de caulim, estavam em situação degradante de trabalho. O resgate no dia 10 de maio deste ano.

Segundo Gislene, diversas irregularidades foram encontradas no local. Os trabalhadores eram descidos por cordas, em poços abertos no solo, a profundidades de 40 a 60 metros da superfície, sem equipamentos de proteção individual e nenhum outro tipo de segurança.

Além disso, foi verificado que, para explorar o mineral, os trabalhadores enfrentavam calor, umidade e o risco constante de desabamento. No local também não havia água potável, nem banheiros.

Ainda conforme a auditora fiscal, foi constatado que os doze trabalhadores também ganhavam entre R$ 500 e R$ 600 por mês. Após serem resgatadas, a Secretaria do Trabalho emitiu um requerimento do seguro desemprego para essas pessoas.

G1 PB
Portal Santo André em Foco

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