Setembro 30, 2024

Protestos no Irã contra aumento nos combustíveis deixam mais de 100 mortos, afirma organização

A repressão de forças de segurança do Irã contra manifestantes que protestam contra aumento no preço dos combustíveis deixou 106 mortos, informou nesta terça-feira (19) a organização Anistia Internacional — que reconheceu que o número pode ser ainda maior.

Os protestos no Irã começaram na segunda-feira, após o regime de Hassan Rouhani aumentar o preço da gasolina em um país cuja economia já está abatida pelas sanções impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (leia mais sobre os protestos no fim da reportagem).

O governo iraniano, inclusive, acusa os EUA de interferirem em assuntos internos após a Casa Branca ter demonstrado apoio aos manifestantes.

Repressão violenta
Segundo a Anistia Internacional, as forças de segurança reprimiram os manifestantes com armas de fogo, canhões de água e gás lacrimogênio, além de espancar pessoas com cassetetes.

"Imagens de cartuchos de balas caídas no chão, assim como o número de mortes resultantes, indica que usaram munição real", afirmou.

O Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos afirmou, em nota, que está "profundamente preocupado" com os relatos de repressão armada aos manifestantes. A organização também pediu que as pessoas "protestem pacificamente".

"Estamos alarmados especialmente que o uso de armas de fogo deixou um número significativo de mortos pelo país", afirmou Rupert Colville, porta-voz da organização.

Protestos no Irã
As manifestações começaram em 16 de novembro em muitas cidades do país, após o anúncio do aumento de pelo menos 50% do preço da gasolina. As autoridades iranianas anunciaram a detenção de mais de 200 pessoas e uma restrição ao acesso à internet.

Os protestos ocorrem em um cenário de crise econômica no Irã, agravada pela retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018 do acordo sobre o programa nuclear iraniano, que provocou o retorno das sanções contra Teerã, o que tem graves consequências para o país.

Nesta segunda-feira (18), o Irã criticou em um comunicado do ministério das Relações Exteriores o "apoio" dos Estados Unidos ao que chamou de "grupo de amotinados" e condenou os comentários "intervencionistas" de Washington.

No domingo (17), a Casa Branca condenou o Irã pelo uso de "força letal" contra manifestações.

"Estados Unidos apoiam o povo iraniano em seus protestos pacíficos contra o regime que deve governá-lo", afirmou a porta-voz do governo americano, Stephanie Grisham.

"O nobre povo iraniano sabe que comentários hipócritas deste tipo não representam nenhuma marca honesta de simpatia", respondeu o ministério iraniano.

Não há uma contagem oficial de mortos, feridos ou presos. Agências semi-estatais contaram apenas seis mortes, número rechaçado pela Anistia Internacional.

Imagens divulgadas pela imprensa estatal iraniana mostraram corões — o livro sagrado dos muçulmanos — queimados em mesquitas nos subúrbios de Teerã. Além disso, jornais e sites governistas publicaram fotos de estabelecimentos queimados por manifestantes.

A televisão oficial também mostrou protestos pró-governo, o que, segundo a agência AP, é outra tentativa de criticar os manifestantes e desmobilizar opositores.

G1
Portal Santo André em Foco

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