O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta quarta-feira (19) que o Irã deixe de enviar ajuda militar aos Houthis, grupo rebelde iemenita financiado por Teerã. Ele afirmou ainda que os Houthis serão "completamente aniquilados".
O pedido vem um dia depois de os Houthis afirmarem que estão em guerra contra os EUA e atacarem quatro embarcações norte-americanas — uma delas militar — no Mar Vermelho. O grupo disse também que não vai recuar diante das ameaças dos EUA, que bombardearam redutos houthis no Iêmen no fim de semana.
"Informações estão chegando de que, embora o Irã tenha diminuído sua intensidade em equipamentos militares e suporte aos Houthis, eles (governo iraniano) ainda estão enviando grandes níveis de suprimentos. O Irã deve parar de enviar esses suprimentos imediatamente", pediu Trump.
"Deixe os Houthis lutarem por si mesmos. De qualquer forma, eles perdem, mas dessa forma eles perdem rapidamente. Eles serão completamente aniquilados!".
Na terça, os Houthis disseram que estão em guerra com os EUA.
Diante de ameaças feitas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, os rebeldes afirmaram que não recuarão e anunciaram ainda ter atacado navios norte-americanos em rota no Mar Vermelho.
Em comunicado, os Houthis disseram ter lançado mísseis e drones que atingiram o grupo do porta-aviões norte-americano Harry S. Truman — de onde partiram caças que atacaram alvos houthis no fim de semana — e afirmaram que o ataque foi o terceiro contra embarcações dos EUA em 24 horas.
A Casa Branca ainda não havia confirmado os ataques até a última atualização desta reportagem.
A ofensiva foi uma resposta aos bombardeios de Washington no fim de semana contra redutos houthis no Iêmen — o grupo rebelde, que entrou em guerra contra o governo iemenita há mais de dez anos, controla atualmente várias regiões do país (leia mais abaixo).
Desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023, os houthis — financiados pelo Irã e parte do chamado "Eixo da Resistência" — lançam mísseis contra o sul do Israel e atacam embarcações militares e comerciais no Mar Vermelho, uma das principais rotas marítimas do mundo.
Nesta terça, o comando do grupo criticou os bombardeios realizados na segunda-feira (17) por Israel na Faixa de Gaza e afirmou que o movimento rebelde "continuará seu apoio e assistência (aos palestinos) e intensificará a confrontação" contra Israel.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, havia dito na segunda-feira que o Irã será "considerado responsável" de qualquer ataque dos houthis.
"Cada disparo dos houthis será considerado, a partir de agora, um disparo lançado por armas iranianas e pelos dirigentes do Irã, e o Irã será considerado responsável e deverá assumir as consequências", escreveu em sua rede Truth Social.
Durante a segunda-feira, milhares de manifestantes exibiram cartazes e armas, aos gritos de "morte aos Estados Unidos, morte a Israel", em um protesto na capital, Sanaa, segundo imagens exibidas pelo canal Al Masirah.
Também foram registradas manifestações em outras cidades como Saada, Dhamar, Hodeida e Amran.
Os bombardeios americanos do fim de semana atingiram principalmente a capital do Iêmen, controlada pelos rebeldes, e várias regiões do país, deixando 53 mortos - entre eles cinco crianças - e 98 feridos, segundo os huthis.
Diálogo
O Comando Central Americano para o Oriente Médio (Centcom), dos EUA, disse na madrugada desta segunda que suas forças "continuam com as operações" contra os houthis.
O grupo havia interrompido os ataques contra barcos em frente ao litoral do Iêmen após a entrada em vigor em 19 de janeiro de uma trégua em Gaza, após 15 meses de guerra.Mas, recentemente, ameaçaram retomá-los após a decisão de Israel de bloquear a entrada de ajuda humanitária no território palestino.
A ONU pediu ao Exército norte-americano e aos huthis que cessem "toda atividade militar". A China pediu "diálogo" e uma desescalada.
O Ministério alemão das Relações Exteriores estimou que qualquer resposta aos ataques dos huthis deve ser "conforme o direito internacional".
Segundo Washington, "vários importantes dirigentes huthis" morreram com os bombardeios americanos.
Já o Irã condenou os ataques "bárbaros" dos Estados Unidos e advertiu que tomaria represálias contra qualquer ofensiva.
O Iêmen, um dos países mais pobres da península arábica, está submerso desde 2014 em uma guerra civil entre os houthis e o governo apoiado pela Arábia Saudita.
O conflito matou milhares de pessoas e afundou o país de 38 milhões de habitantes em uma das piores crises humanitárias da história, segundo a ONU.
g1
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