Expulsa do Conselho de Direitos Humanos da ONU no ano passado, a Rússia faz lobby para voltar a integrar o órgão, a despeito das sucessivas provas de crimes de guerra cometidos na Ucrânia e de seu presidente, Vladimir Putin, ter um mandado de captura expedido pelo Tribunal Penal Internacional.
Outros regimes autocráticos, como China e Cuba, também são candidatos ao CDH, com sede em Genebra, que tem 47 membros eleitos para um mandato de três anos.
O paradoxo mereceu o protesto conjunto de ONGs de direitos humanos, como a UN Watch, a Human Rights Foundation e o Raoul Wallenberg Center for Human Rights.
“Eleger as ditaduras de China, Rússia e Cuba como juízes da ONU em matéria de direitos humanos é como transformar um bando de incendiários em bombeiros”, resumiu Hillel Neuer, diretor da UN Watch.
A votação será no próximo dia 10 e decidida pelos 193 membros da ONU. De acordo com o documento obtido por CNN e BBC, a Rússia justifica sua posição para obter apoio à candidatura, alegando que o órgão não pode se transformar em instrumento que serve às vontades políticas de um grupo de países que pune os que não são leais.
Diplomatas ouvidos pela BBC qualificaram como agressiva a campanha russa, que oferece cereais e armas a pequenos países em troca de votos.
A relatora especial da ONU para a Rússia, Mariana Katzarova, expôs recentemente no Conselho de Direitos Humanos suas preocupações sobre detenções em massa e uso persistente de tortura e assédio a quem se pronuncie contra a guerra na Ucrânia ou ao governo liderado por Putin.
Trata-se, conforme ela explicou, de um padrão de supressão de direitos civis e políticos do país.
Foi a primeira vez em sua história que o Conselho de Direitos Humanos autorizou um perito independente a investigar violações dos direitos humanos em um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
A votação para suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos, em abril do ano passado, foi apoiada por 93 dos 193 países. Vinte e quatro se manifestaram contrários e 58, entre eles o Brasil, se abstiveram. Mais de 20.000 pessoas foram detidas desde fevereiro de 2022 por participarem de protestos contra a guerra.
A candidatura da Rússia para um novo mandato no CDH foi rejeitada, num dramático e corajoso testemunho de Evgenia Kara Murza nesta segunda-feira em Genebra.
Esposa do dissidente Vladimir Kara-Murza, que foi condenado a 25 anos de prisão e mandado para um campo de prisioneiros na Sibéria por criticar a guerra de Putin contra a Ucrânia, ela apelou aos países-membros a não aceitarem o país de volta ao organismo.
“A Rússia de Putin definitivamente não tem lugar no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Enquanto o governo de Putin for autorizado a permanecer no Kremlin, a guerra continuará. Vladimir Putin não é um líder, mas um valentão que precisa ser detido, se quisermos a paz.”
g1
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