Soldados russos que lutam na guerra da Ucrânia torturaram civis ucranianos de forma tão brutal que alguns deles morreram, e ainda forçaram famílias a ouvir enquanto estupravam mulheres, com idades de 19 a 83 anos.
As acusações foram feitas nesta segunda-feira (25) por responsáveis por uma investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) aberta para apurar o comportamento de militares da Rússia com cidadãos ucranianos.
O presidente da Comissão de Inquérito sobre a Ucrânia da ONU, Erik Møse, afirmou nesta segunda que sua equipe de investigação "recolheu provas que indicam que o uso da tortura pelas forças armadas russas em áreas sob o seu controlo tem sido generalizado e sistemático".
“Em alguns casos, a tortura foi infligida com tal brutalidade que causou a morte da vítima”, disse ele. “Além disso, soldados russos estupraram e cometeram violência sexual contra mulheres com idades entre 19 e 83 anos” nas partes ocupadas da província de Kherson, disse ele.
Em alguns desses casos, acrescentou Møse, a família das vítimas era mantida em casas vizinhas e forçada a ouvir as violações.
A investigação será transformada agora em um relatório, que pode embasar uma nova acusação formal da ONU contra a Rússia - o presidente russo, Vladimir Putin, já foi condenado à prisão pelo Tribunal Penal Internacional pelo crime de deportação ilegal de crianças ucranianas para a Rússia.
Neste novo caso, no entanto, a comissão da ONU afirmou que as violações podem constituir crimes contra a humanidade.
Investigadores da ONU disseram que ainda não conseguiram quantificar os crimes, mas afirmaram que eles ocorreram principalmente em Kherson e Zaporizhzhia mas também em cidades de diferentes regiões da Ucrânias, "próximas e distantes das linhas de batalha".
A Rússia não havia se posicionado sobre o relatório da ONU até a última atualização desta reportagem, mas nega ter cometido crimes contra civis na Ucrânia - o Kremlin sempre alega atacar apenas alvos militares.
Vítimas
Segundo os investigadores, a maioria dos crimes foi cometida contra pessoas suspeitas de serem informadores do governo ucraniano.
O órgão da ONU também encontrou “alguns casos” de violações cometidas pelas forças ucranianas, disse Møse. Esses casos, afirmou, ocorreram através de ataques indiscriminados e maus-tratos a detidos russos, por parte de soldados da Ucrânia.
Kiev já afirmou que verifica todas as informações sobre o tratamento de prisioneiros de guerra e que investigará a denúncia para, se for o caso, tomar as medidas legais apropriadas.
A comissão da ONU foi criada em março de 2022 e, desde então, os investigadores visitaram dezenas de vezes a Ucrânia e entrevistaram centenas de pessoas.
Reuters
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