Com a infraestrutura de energia da Ucrânia danificada pelos ataques de mísseis e drones russos antes da chegada iminente do inverno, cada vez mais pessoas no país estão confiando na lenha para aquecer as casas.
Quando a cidade de Kramatorsk, no leste da Ucrânia, ficou sem abastecimento de gás depois que o único gasoduto de Kharkiv, no norte, foi atingido, Valentyn permaneceu calmo, sabendo que poderia usar fogões a lenha para aquecer a casa.
Apesar dos ataques da artilharia russa e das advertências de que poderia levar meses para o abastecimento de gás ser restabelecido, ele não estava disposto a deixar a casa onde vive há 60 anos. Tendo estocado madeira no verão, sentiu-se pronto para a estação fria, conforme disse à Agência EFE.
Embora Kramatorsk tenha retomado o recebimento de gás, a lenha sem dúvida será útil, pois os ataques russos continuam a ameaçar a infraestrutura energética ucraniana, e o impacto de fatores econômicos também está sendo sentido.
Embora os preços do gás tenham sido congelados pelas autoridades para reduzir a carga já suportada pela população atingida pela guerra, a capacidade dos ucranianos de pagá-los é limitada devido ao aumento maciço do desemprego e à queda do poder aquisitivo.
Em Lviv, no oeste do país, muitas casas ainda estão equipadas com fogões que datam do período entre guerras ou mesmo dos tempos do Império Austro-Húngaro. Eles foram projetados para queimar lenha, mas funcionaram a gás durante décadas.
Até a invasão russa, muita gente usava principalmente radiadores elétricos ou caldeiras a gás mais eficientes para aquecer os apartamentos. Porém, agora, com apagões que duram horas e temperaturas abaixo de zero, um número crescente de residências está redescobrindo a utilidade desses fogões.
Os moradores de um prédio no centro de Lviv contaram à EFE que os ambientes esquentam muito mais rápido com o uso de lenha.
Embora os preços da lenha também tenham aumentado de 50% a 60% ao ano em algumas regiões, a economia em comparação com o consumo de gás ainda é significativa.
Para lidar com o aumento da demanda e facilitar a compra de lenha pelos cidadãos, o governo da Ucrânia criou uma plataforma centralizada com ofertas de empresas do setor florestal e madeireiro.
Aqueles localizados em zonas de combate foram incapazes de manter o abastecimento devido à presença de minas nas florestas, portanto, as empresas no centro e oeste do país assumiram a maior parte da responsabilidade.
Em Lviv, um metro cúbico de lenha custa entre 1.200 e 1.500 grivnas (R$ 174 a R$ 217).
As empresas municipais estão agora armazenando os restos da poda e remoção de galhos, e mais de cem árvores derrubadas em Lviv na última tempestade serão usadas para aquecer "pontos de invencibilidade" criados para fornecer abrigo a cidadãos afetados pelos apagões.
As autoridades também lançaram uma série de programas para garantir que as pessoas nas áreas de linha de frente recebam ao menos pequenas quantidades de lenha gratuitamente.
Em Izium e outras partes liberadas da região de Kharkiv, onde a infraestrutura foi severamente danificada, espera-se que cada residência receba 3 metros cúbicos de lenha.
Entretanto, este combustível é de pouca utilidade para os moradores de muitos dos prédios residenciais onde há apenas aquecimento centralizado a gás. Para eles, o inverno representa um grande desafio extra em meio ao grave conflito no país.
EFE
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