Outubro 03, 2024

Líder da Igreja Católica portuguesa admite acobertamento de abusos sexuais no país

O bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, presidente da CEP (Conferência Episcopal Portuguesa), investigado pelo suposto acobertamento de abusos sexuais, reconheceu que os casos ocorridos no seio da Igreja Católica foram ocultados e pediu desculpas às vítimas.

"Peço sempre desculpas a essas pessoas, sempre que falo sobre isso. Não são desculpas, é perdão. Porque essas pessoas foram abusadas onde menos deveriam ter sido", disse o bispo em entrevista à CNN Portugal.

Ornelas admitiu também que durante anos os abusos foram "encobertos" dentro da Igreja Católica, e "isso não é bom".

O presidente da CEP referiu-se às suspeitas de pedofilia que pesam sobre o bispo de Timor e Prêmio Nobel da Paz, Carlos Filipe Ximenes Belo, dizendo que descobriu "nestes dias" e "com muita tristeza".

"Penso nele, nas suas vítimas e penso no que essas vítimas significam", comentou o bispo durante a entrevista, referindo-se a Belo, um dos colegas de curso de Teologia.

De acordo com o jornal Observador, apesar das declarações de Ornelas, a Igreja Católica portuguesa tem conhecimento do caso há pelo menos 12 anos.

As declarações de Ornelas surgem depois do Ministério Público português ter confirmado, no último sábado, que ele está sob investigação por suposto acobertamento de abusos cometidos num orfanato em Moçambique dirigido por padres do Sagrado Coração de Jesus (dehonianos) quando o atual bispo era líder da congregação.

Segundo o jornal Público, em 2011 Ornelas recebeu denúncias de um professor sobre abusos contra menores cometidos por padres dehonianos e não investigou. O bispo sustenta que seguiu os "procedimentos apropriados" e abriu um processo interno do qual não há registro.

Uma comissão independente, presidida pelo psiquiatra Pedro Strecht, está investigando os abusos ocorridos dentro da Igreja Católica em Portugal. Até agora, a comissão confirmou mais de 400 casos e considera comprovado que houve um encobrimento e que alguns acusados ​​ainda estão ativos na Igreja.

EFE
Portal Santo André em Foco

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