Novembro 27, 2024

EUA e Israel vão 'fortalecer ainda mais seus laços', diz Biden ao chegar ao país

O presidente dos EUA, Joe Biden, chegou a Israel nesta quarta-feira (13), em sua primeira viagem ao Oriente Médio como chefe de Estado, e terá de lidar com o conflito entre Israel e Palestina, as tensões com o Irã e as negociações de petróleo com a Arábia Saudita.

"Os Estados Unidos e Israel vão fortalecer ainda mais seus laços", disse o presidente ao desembarcar. O avião presidencial dos EUA, Força Aérea Um, pousou no meio da tarde no aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, onde o presidente israelense Isaac Herzog e o primeiro-ministro Yair Lapid o estavam esperando.

Biden ainda mencionou em particular uma parceria "nos sistemas de defesa mais sofisticados do mundo" e disse que vai "avançar a integração de Israel na região", uma referência ao processo de reaproximação entre o Estado judeu e alguns países árabes.

Depois de Israel, o presidente americano, de 79 anos, visitará a Arábia Saudita na sexta-feira. O avião presidencial fará um voo direto sem precedentes entre Israel e o conservador reino do Golfo, que não reconhece o Estado judeu.

Mas antes disso Biden se reunirá com autoridades israelenses para fortalecer a cooperação contra o Irã, bem como com líderes palestinos frustrados com o fato de Washington não ter impedido a agressão israelense.

Irã e Israel eram aliados quando Biden visitou a região pela primeira vez, em 1973, como senador, mas agora Teerã é sua principal ameaça.

O primeiro-ministro Yair Lapid, que assumiu o cargo há duas semanas, disse que as conversas com Biden "se concentrarão principalmente na questão do Irã".

Os militares israelenses mostrarão a Biden seu novo sistema Iron Beam, um laser antidrone que consideram crucial para combater os drones do Irã.

Israel insiste que fará o que for preciso para conter as ambições nucleares do Irã e se opõe fortemente ao restabelecimento do acordo nuclear de 2015, que facilitou as sanções contra os iranianos.

O presidente iraniano Ebrahim Raisi disse, nesta quarta-feira, que a viagem de Biden não trará segurança a Israel. "Se as visitas de funcionários dos EUA a países da região devem fortalecer a posição do regime sionista e normalizar suas relações com alguns países, seus esforços não trarão segurança" a Israel, disse em comunicado.

16 mil policiais
Israel está atolado em um impasse político antes das eleições de 1º de novembro, sua quinta eleição em menos de quatro anos.

Além dos líderes israelenses, Biden se reunirá amanhã (14) com o chefe da oposição, Benjamin Netanyahu.

A polícia enviará cerca de 16 mil policiais durante a visita e muitas estradas serão fechadas em Israel e Jerusalém, cujo centro está sendo vasculhado pela polícia.

Na rua King David, em Jerusalém, onde Biden ficará, bandeiras americanas foram colocadas para comemorar a primeira visita de um presidente do país desde a do republicano Donald Trump em 2017.

Depois de chegar ao poder, Biden não reverteu a controversa decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

Os palestinos consideram Jerusalém Oriental, anexada por Israel, sua capital e, antes da visita, acusaram Biden de renegar sua promessa de mais uma vez tornar os Estados Unidos um mediador imparcial no conflito.

"Só ouvimos palavras vazias e nenhum resultado", disse Jibril Rajoub, líder do movimento secular Fatah, do presidente palestino Mahmoud Abbas.

O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse na última segunda-feira que Washington restaurou "os laços diplomáticos quase rompidos" com os palestinos, referindo-se ao apoio financeiro recuperado e ao apoio "inequívoco" a uma solução de "dois Estados", um israelense e o outro palestino.

Biden se encontrará com Abbas na cidade ocupada de Belém, na Cisjordânia, na próxima sexta-feira, mas nenhum grande anúncio deve reviver o processo de paz.

Normalização
Os laços de Washington com os palestinos ficaram tensos em maio com a morte da proeminente jornalista Shireen Abu Akleh, da Al Jazeera, enquanto cobria uma incursão do Exército israelense na Cisjordânia ocupada.

A ONU determinou que a repórter palestina-americana foi morta por tiros israelenses, embora Washington tenha dito que não há evidências de que tenha sido intencional.

O governo Biden convidou a família da jornalista a ir a Washington "para uma reunião de contato direto" com o secretário de Estado Antony Blinken, disse o assessor Jake Sullivan nesta quarta-feira.

O governo dos EUA "está muito envolvido em determinar exatamente o que aconteceu em torno das trágicas circunstâncias da morte", afirmou ele.

A família da jornalista, que se disse "indignada" com a resposta do governo dos EUA, pediu um encontro com Biden durante sua viagem a Israel.

Enquanto isso, a viagem de Biden à Arábia Saudita é vista como parte do esforço para estabilizar os mercados de petróleo, abalados pela guerra na Ucrânia, ao se aproximar de um país que por décadas foi aliado estratégico dos Estados Unidos e grande fornecedor de petróleo bruto. Israel espera que essa visita seja também o início de suas relações diplomáticas com o país.

Com a ajuda dos EUA, Israel expandiu seu alcance regional em 2020, formalizando as relações com Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos, após seus acordos de paz com a Jordânia, em 1994, e o Egito, em 1979.

Embora a Arábia Saudita não deva reconhecer Israel no futuro imediato, um alto funcionário israelense disse na terça-feira que a visita de Biden é um passo importante.

R7, com AFP
Portal Santo André em Foco

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