Outubro 03, 2024

Diretor da CIA disse que Bolsonaro não deveria lançar dúvidas sobre sistema eleitoral, aponta agência

O diretor da CIA, a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, William Burns, afirmou a integrantes do alto escalão brasileiro que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria parar de lançar dúvidas sobre o sistema de votação do país.

A informação consta em reportagem publicada nesta quinta-feira (5) pela agência de notícias Reuters. Burns deu a declaração durante uma reunião realizada em julho do ano passado, segundo duas pessoas com conhecimento do assunto e que falaram sob condição de anonimato.

Burns foi e continua sendo o mais alto funcionário do governo estadunidense a se reunir, em Brasília, com o governo de Bolsonaro desde a eleição do presidente Joe Biden.

Bolsonaro ataca o sistema eleitoral brasileiro de forma frequente. Recentemente, criticou ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e defendeu uma espécie de contagem de votos paralela feita por militares no pleito que se avizinha. O presidente argumenta, sem apresentar provas, que é possível fraudar o mecanismo.

Fontes ouvidas pela agência de notícias apontam para uma potencial crise institucional, caso Bolsonaro perca a eleição em outubro por uma margem estreita. O presidente já disse que quer as Forças Armadas atuando no processo, sugerindo contagem de voto paralela por militares – que governaram o país durante o período da ditadura (1964-1985). O atual comandante do Palácio do Planalto está em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Durante viagem ao Brasil, Burns, que é diplomata de carreira, se encontrou no Palácio do Planalto, em Brasília, com Bolsonaro e dois assessores de inteligência – Augusto Heleno (ministro do Gabinete de Segurança Institucional) e Alexandre Ramagem (na época, chefe da Agência de Inteligência Brasileira).

Burns jantou na residência do embaixador dos EUA com Heleno e o então chefe de gabinete de Bolsonaro, general Luiz Eduardo Ramos. Na ocasião, os generais procuraram descartar as alegações de Bolsonaro. Em resposta, Burns afirmou que o presidente não deveria estar falando dessa maneira e que o processo democrático era sagrado, conforme disse uma pessoa com conhecimento do episódio.

"Burns estava deixando claro que as eleições não eram um assunto com o qual eles deveriam mexer. Não foi uma palestra, foi uma conversa", relatou a fonte .

A CIA se recusou a comentar o episódio. O R7 procurou a Presidência da República do Brasil, mas também não obteve retorno até a última atualização deste reportagem.

R7
Portal Santo André em Foco

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