Outubro 02, 2024

Em cúpula virtual, Biden defende participação de minorias na política e a liberdade de imprensa

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, defendeu nesta quinta-feira (9) a presença de mais mulheres e pessoas LGBTQIA+ na política.

"Todas as vozes precisam ser ouvidas", afirmou Biden na abertura da Cúpula pela Democracia. "[o governo americano] quer melhorar a presença das mulheres e meninas na política, também empoderar a comunidade LGBTQIA+".

O encontro virtual reúne, nos próximos dois dias, líderes e representantes de mais de 100 governos entre eles o brasileiro.

Na abertura da Cúpula, Biden anunciou o que chamou de iniciativa para a renovação democrática e disse que os EUA planejam fornecer US$ 424,4 milhões em um fundo para este fim.

Imprensa livre
No discurso Biden defendeu a liberdade de imprensa e alertou que a imprensa livre "está sob ataque" no mundo.

Ele citou perseguições a jornalistas e repressão de governos autoritários a veículos de informação e disse que não há democracia sem uma imprensa livre.

"No mundo inteiro, a imprensa livre está sob ataque, então precisamos investir para garantir que o interesse público na mídia seja revitalizado", afirmou o democrata. "Vamos criar um novo fundo para financiar atos contra a difamação de jornalistas e lutar contra leis que impedem jornalistas de trabalhar."

O mandatário americano disse também que autocratas tentam ampliar sua influência no mundo e sustentou que a democracia pode ser frágil, mas também é resiliente.

"Renovar a democracia é algo que requer esforço constante", disse o presidente.

Sobre seu próprio território, ele reconheceu que seu governo precisa facilitar o acesso de americanos ao voto, em meio a polêmicas mudanças em leis estaduais que impõem obstáculos a eleitores.

Cúpula pela Democracia
O governo americano promove até sexta-feira (10) uma Cúpula Virtual pela Democracia, para a qual convidou representantes de mais de 100 governos, assim como ativistas, jornalistas, líderes do setor privado e outros membros de destaque da sociedade civil.

Por conta da pandemia de Covid-19, os encontros serão todos realizados remotamente.

A ideia é que a cúpula sirva de plataforma para que os líderes "anunciem novos compromissos, reformas e iniciativas" com base em três pilares: a defesa da democracia contra o autoritarismo, a luta contra a corrupção e o respeito aos direitos humanos, afirmou na terça-feira (7) um funcionário do governo americano, que pediu anonimato.

Antes mesmo de começar, porém, o evento gerou polêmica por seu critério para convites. Alguns países importantes ficaram de fora, como China, Rússia e Arábia Saudita, o que poderia levar a crer que seriam evitadas nações que desrespeitem direitos humanos.

Porém, como ressalta a colunista Sandra Cohen, Paquistão e Filipinas, que também não têm exatamente um histórico exemplar nessa questão, foram chamados a participar. A diferença seriam algumas parcerias mantidas por esses países com os EUA.

O correspondente da TV Globo em Nova York, Guga Chacra, analisa que Biden tenta se colocar como líder democrático liberal, mas há hipocrisia.

Também ficaram fora da lista oito países latino-americanos: Venezuela, Nicarágua, Cuba, Bolívia, El Salvador, Honduras, Guatemala e Haiti.

Em relação à Venezuela, no entanto, foi convidado o líder opositor Juan Guaidó. Este, por sua vez, incluiu opositores de outros países em sua delegação oficial, como a nicaraguense Berta Valle e a cubana Rosa María Payá, o que gerou fortes críticas de Cuba.

Efeito contrário
"É muito provável que essas ausências da cúpula sejam contraproducentes tanto para os interesses dos Estados Unidos como para a democracia na região", declarou à agência France Presse Michael Shifter, presidente da ONG Diálogo Interamericano.

Os excluídos podem interpretar que os Estados Unidos aplicam a política do 'se não está comigo, está contra mim' e desembocar em dois grupos, "o das democracias e os demais", afirma Christopher Sabatini, pesquisador da organização Chatham House.

"Se não agir com cautela, (Biden) pode criar dois blocos", sem que cada um deles tenha necessariamente uma afinidade ideológica, de modo que "o clube dos bons obteria benefícios diplomáticos e reconhecimento na Casa Branca, e os outros ficariam para trás”, explica.

Democracia nos EUA
Outra questão discutida pela imprensa norte-americana às vésperas do evento é a situação da democracia dentro dos próprios Estados Unidos e se o país seria, neste momento, o melhor exemplo de uma democracia plena e funcional.

Autoridades locais eleitas estão renunciando a um ritmo alarmante em meio a confrontos com vozes iradas em reuniões de conselhos escolares, escritórios eleitorais e prefeituras, destaca a agência Associated Press.

Além disso, estados estão aprovando leis para limitar o acesso às cédulas, tornando mais difícil para os americanos votarem. E o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio deixou muitos republicanos agarrados às falsas alegações de Donald Trump de uma eleição roubada.

g1
Portal Santo André em Foco

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