Outubro 03, 2024

EUA suspendem todos os voos no aeroporto de Cabul após invasão

Os Estados Unidos interromperam todos os voos civis e militares no aeroporto internacional de Cabul, capital do Afeganistão, após uma multidão invadir a pista nesta segunda-feira (16) e tentar entrar em aviões que deixavam o país.

O porta-voz-chefe do Pentágono, John F. Kirby, atribuiu a invasão a uma falha de segurança na parte civil do aeroporto internacional Hamid Karzai e disse que 2,5 mil fuzileiros navais americanos foram enviados ao local. Até o fim da semana, serão 6 mil.

Kirby afirmou que um soldado americano ficou ferido, segundo informações preliminares, e tropas turcas estão ajudando a proteger o aeroporto.

O porta-voz também afirmou que homens armados atiraram contra tropas americanas e dois afegãos foram mortos. A agência de notícias Reuters diz que cinco pessoas morreram no tumulto.

"O foco dos militares americanos no momento é a proteção e a segurança no aeroporto e a retomada das operações aéreas", disse Kirby.

A autoridade de aviação afegã disse que o aeroporto foi "liberado para os militares" e aconselhou as companhias aéreas a evitarem o espaço aéreo do país, o que levou as principais companhias a desviarem voos.

A multidão invadiu o aeroporto para fugir do Talibã, que tomou a capital Cabul no domingo (15) e voltou ao poder após 20 anos. O presidente afegão, Ashraf Ghani, fugiu do país.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou em uma reunião a portas fechadas que o país precisa evacuar com urgência cerca de 10 mil pessoas sob sua responsabilidade, segundo a Reuters.

"Estamos testemunhando tempos difíceis", teria dito Merkel a colegas de seu partido, o Democrata Cristão. "Agora devemos nos concentrar na missão de resgate."

Desespero no aeroporto
Vídeos mostram pessoas tentando entrar nos aviões para deixar o país e tiros sendo disparados para tentar conter multidão.

O número de vítimas não foi confirmado. O jornal americano "The Wall Street Journal" diz que três pessoas foram mortas por armas de fogo e a agência de notícias Reuters fala em cinco óbitos.

A Reuters não diz se as vítimas foram atingidas por disparos de armas de fogo ou pisoteadas durante a confusão. Não está claro se os tiros foram disparados contra pessoas ou para o alto.

Mais de 60 países, incluindo EUA, Alemanha, Japão e França, divulgaram um comunicado no domingo (15) em que apelam para que cidadãos afegãos e estrangeiros tenham permissão para deixar o país em segurança.

Talibã volta ao poder
As pessoas estão tentando deixar o país após o Talibã tomar a capital Cabul e voltar ao poder depois de 20 anos. O presidente afegão fugiu do país e o palácio presidencial foi tomado no domingo (15).

O porta-voz do Talibã, Mohammad Naeem, afirmou à rede de televisão Al Jazeera que "alcançamos o que buscávamos, que é a liberdade do nosso país e a independência do nosso povo".

“Pedimos a todos os países e entidades que se reúnam conosco para resolver quaisquer questões”, disse Naeem. "Não achamos que as forças estrangeiras irão repetir sua experiência fracassada no Afeganistão mais uma vez".

Invasão e saída do Afeganistão
Os EUA atacaram o Afeganistão em 2001, em reação ao atentado do 11 de Setembro, e tirou o grupo extremista do poder. O Talibã foi acusado pelos americanos de esconder e financiar membros da Al-Qaeda, grupo terrorista comandado por Osama bin Laden e responsável pelo atentado.

Em fevereiro de 2020, o então presidente americano, Donald Trump, assinou acordo de paz com o Talibã que previa a retirada total das tropas do país até abril deste ano. O atual presidente dos EUA, Joe Biden, manteve o acordo e adiou a saída completa para o fim deste mês.

A maior parte das forças lideradas pelos EUA deixaram o Afeganistão em julho, e o Talibã se aproveitou da retirada e avançou rapidamente pelo país, conquistando diversas capitais de províncias desde o início do mês.

A queda de Cabul ocorreu muito antes do previsto pelos EUA. Segundo a Reuters, a estimativa dos serviços de inteligência americanos era de que o Talibã chegasse a Cabul em setembro, com uma possível tomada do poder em novembro.

G1
Portal Santo André em Foco

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