Setembro 30, 2024

México: resultados de eleições legislativas enfraquecem presidente López Obrador

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, sofreu derrotas nas eleições de domingo (6) que enfraqueceram sua maioria na Câmara dos Deputados, segundo a contagem rápida oficial feita pelas autoridades eleitorais do país.

O partido governista Morena terá entre 190 e 203 assentos no parlamento, segundo a projeção do Instituto Nacional Eleitoral (INE), e perdeu a maioria absoluta que detinha sozinho – metade mais um dos 500 deputados.

No entanto, o Morena pode integrar a maioria se mantiver a aliança acordada anteriormente com mais três partidos. Com isso, pode garantir entre 265 e 298 assentos.

Mesmo assim, a coalizão governista perde a maioria qualificada de dois terços das cadeiras, que atualmente detém, com um total de 333 assentos. Ela é necessária para realizar, por exemplo, reformas constitucionais.

"É uma derrota para López Obrador, não avassaladora, mas o enfraquece e a seu projeto porque requer reformas constitucionais", disse à AFP o cientista político e historiador José Antonio Crespo.

A maioria qualificada é fundamental na cruzada antineoliberal do presidente de esquerda, que visa devolver o controle do setor energético ao Estado, contra a corrente de leis que abriram as portas às empresas privadas em 2014.

A nova Câmara dos Deputados, eleita a cada três anos, tomará posse em 1º de setembro. O Senado, também dominado por Morena, é renovado a cada seis anos.

Eleições locais
No domingo, 15 dos 32 governadores e mais de 21 mil cargos locais também foram eleitos. Morena teria conquistado pelo menos oito governos regionais, de acordo com a contagem rápida. Isso representaria um progresso, já que atualmente lidera seis estados.

Os partidos Ação Nacional (PAN), Revolução Institucional (PRI) e Revolução Democrática, que se apresentaram em aliança, terão entre 181 e 213 cadeiras. Atualmente, eles ocupam 139.

“É uma vitória importante da oposição porque soube aproveitar o descontentamento, embora a realidade seja que votaram contra López Obrador, não por eles”, disse Crespo.

Morena também perdeu o controle de sub-prefeituras da Cidade do México, de acordo com a contagem oficial preliminar – são 16 áreas com executivo definido por votação, diferente do Brasil. A esquerda governa a capital desde 1997, mas a prefeitura central não estava em disputa.

A mudança pode estar relacionada com o acidente no metrô da capital em 3 de maio, que deixou 26 mortos, e despertou críticas na gestão municipal.

López Obrador tem uma popularidade de mais de 60% baseada em vastos programas sociais, segundo pesquisas. O presidente foi eleito em 2018 para um mandato de seis anos.

Desde 1997, as eleições parlamentárias reduziram ou tiraram maiorias dos partidos no governo.

Violência macabra
As eleições foram realizadas em meio aos efeitos devastadores da pandemia e uma escalada de violência que deixou 91 políticos mortos, 36 deles candidatos ou pré-candidatos, de acordo com a consultoria Etellekt.

No domingo, desconhecidos deixaram duas cabeças e outros restos mortais nas seções eleitorais de Tijuana (noroeste, fronteira com os Estados Unidos), duramente atingida pelo tráfico de drogas, informou o Ministério Público.

No dia anterior, cinco indígenas que transportavam material eleitoral foram mortos em uma emboscada no estado de Chiapas, no sul do país, informaram as autoridades.

Essa violência faz parte do banho de sangue que o país vem sofrendo desde 2006, quando o governo da época lançou uma operação militar antidrogas.

Apesar do medo dominador em localidades de estados como Guerrero e Jalisco, o pleito, para o qual foram convocados 95 milhões de eleitores, teve uma participação entre 51,7% e 52,5%, segundo o INE.

Voto polarizadoEmbora o México seja um dos países mais atingidos pelo coronavírus, a perspectiva de uma votação punitiva não era clara devido ao declínio da epidemia, de acordo com as pesquisas.

"Infelizmente veio a pandemia. Sem ela, o governo teria sido melhor. Não tenho queixas, é por isso que estou aqui", disse Tania Calderón, uma funcionária de 37 anos, à AFP antes de votar na Cidade do México.

Já Alejandra Bernal, uma estudante de direito de 22 anos, expressou seu desacordo nas urnas. “O México teve a oportunidade de tomar medidas prévias e isso não foi feito. Mas essa responsabilidade é dos governos e dos cidadãos. Meu voto foi a favor”, disse a jovem.

O país, de 126 milhões de habitantes, acumula quase 229 mil mortes por Covid-19 – a quarta colocação no mundo em números absolutos – e sua taxa de mortalidade é a vigésima primeira por 100 mil habitantes.

RFI
Portal Santo André em Foco

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Last modified on Segunda, 07 Junho 2021 16:05

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