Outubro 05, 2024

Famílias começam a enterrar vítimas da tragédia no metrô da Cidade do México

José Luis Hernández Martínez cruzava a Cidade do México todos os dias pela linha 12 do metrô, entre sua casa na zona sul da capital mexicana e a oficina onde trabalhava consertando carros destroçados.

Miguel Ángel Espinosa Flores, de 42 anos, trabalhava em uma loja de departamentos em um shopping perto da Avenida Tláhuac e sempre pegava o metrô após o trabalho.

Carlos Pineda, um dentista de 38 anos, deixou para trás sua esposa e seus dois filhos, de 7 e 13 anos.

José, Miguel e Carlos são 3 das vítimas do acidente no metrô da Cidade do México, após uma via elevada ceder e dois vagões caírem em uma avenida movimentada na noite de segunda-feira (3).

A composição atingiu veículos que trafegavam pela via e ao menos 25 pessoas morreram, inclusive crianças. Outras 79 ficaram feridas.

A linha 12 é a maior e mais nova linha do metrô da capital mexicana, mas está repleta de problemas desde que foi inaugurada, em 2012.

Ela tem mais de 25 km e liga a zona sul da cidade, ainda semi-rural, a toda a cidade. Mais de 5 milhões de passageiros usam todos os meses a linha 12, que é a 7ª mais movimentada do metrô.

José morreu instantaneamente, disse seu filho Luis Adrian Hernández Juarez. "Meu pai foi resgatado sem sinais vitais, com traumas no tórax, no cérebro, nos pés e nos joelhos", disse o jovem segurando o atestado de óbito do pai.

Luis afirmou à agência de notícias Associated Press que, segundo a equipe de resgate, seu pai foi esmagado por outros passageiros. "É realmente terrível ver seu pai assim pela última vez".

José foi uma das 25 vítimas de um dos piores acidentes de metrô do mundo, que começaram a ser enterradas nesta quarta-feira (5) em meio à raiva e à frustração das famílias.

"Ninguém vai me devolver meu pai, mesmo que me deem 10 milhões de pesos [cerca de R$ 2,5 milhões]", afirmou Luis, preocupado por sua mãe não ter uma fonte de renda.

Causas da tragédia
Uma investigação preliminar aponta que uma falha nas vigas de suporte horizontal da via elevada causou o acidente, segundo autoridades locais.

A prefeita Claudia Sheinbaum pediu à população que evite especulações e prometeu uma investigação completa e independente. Um relatório preliminar deve ser apresentado na sexta-feira (7).

Entre os primeiros alvos da ira da população estão a diretora do metrô, Florencia Serranía, e o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, que era prefeito da cidade quando a linha foi construída e inaugurada.

Serranía disse na terça-feira (4) que a linha recebia uma inspeção diária "muito rigorosa" e ela também tinha sido vistoriada em junho de 2020, após um forte terremoto na capital mexicana.

Ebrard, que foi prefeito da Cidade do México entre 2006 e 2012, é considerado um possível sucessor do atual presidente do país, Andrés Manuel López Obrador.

Após a tragédia, Ebrard disse que os responsáveis ​​devem ser identificados e que ele se colocava à disposição das autoridades.

Chefes de família
As conclusões da tragédia podem levar meses (e culpar os responsáveis provavelmente levará ainda mais tempo), mas as famílias das vítimas já sofrem também com as necessidades imediatas da perda de quem garantia o sustento da casa.

Gisela Rioja passou a noite de segunda e a manhã de terça vasculhando hospitais da cidade em busca de informações sobre seu marido, Miguel Ángel Espinosa Flores.

Ele trabalhava em uma loja de departamentos em um shopping a poucas estações de onde ocorreu o acidente e sempre pegava a linha 12 após o trabalho, mas não chegou em casa e parou de atender ao telefone.

Rioja finalmente encontrou Miguel na terça-feira (4), em um necrotério no bairro de Iztapalapa. Ela o descreveu como um trabalhador esforçado, responsável e feliz. Ela e seus dois filhos dependiam dele.

"Quero Justiça para meu marido porque um simples pedido de desculpas não vai trazê-lo de volta", disse Rioja. "Ele era meu amor. Ele era tudo para mim. Dói muito, muito, muito por causa da forma como acabou".

Luisa Martínez sentou-se do lado de fora dos escritórios do governo municipal em Iztapalapa na tarde de ontem esperando a libertação do corpo de Carlos Pineda, marido de sua sobrinha.

Pineda era dentista, tinha 38 anos e deixou sua esposa e seus dois filhos de 7 e 13 anos. "Era ele quem apoiava a família. Agora eles ficam sem renda", lamentou Martínez.

Metrô da Cidade do México
Inaugurado em 1969, o metrô da Cidade do México é um dos principais meios de transporte da capital e da região metropolitana, onde vivem cerca de 20 milhões de pessoas.

O metrô da cidade tem 226 km de extensão, 12 linhas e 195 estações e transporta mais de 1,6 bilhão de passageiros por ano.

Ele é o segundo maior das Américas, atrás apenas do de Nova York, e um dos mais baratos do mundo. As passagens custam cerca de 25 centavos de dólar (menos de R$ 1,50).

A Cidade do México é a capital do México e a maior cidade da América do Norte, com 9,2 milhões de habitantes. Para efeito de comparação, a cidade de São Paulo tem 12,3 milhões.

G1
Portal Santo André em Foco

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