A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu nesta quarta-feira (9) que o Parlamento aprove mais restrições em toda a Alemanha até a primeira quinzena de 2021. A medida é uma forma de enfrentar um novo aumento nos números de casos e mortes por Covid-19 no país.
"Lamento muito, mas se isso [menos restrições] significa pagar um preço diário de 590 mortes, do meu ponto de vista, é inaceitável", disse Merkel.
Apenas nas últimas 24 horas, a Alemanha registrou 590 mortes por Covid-19. Essa contagem é maior do que a registrada durante a primeira onda da pandemia no continente europeu, entre março e abril deste ano, quando o país chegou a registrar um pico de 510 mortes em apenas um dia.
"Há muito contato entre as pessoas", afirmou a chanceler, citando como exemplo as barracas de comida montadas nos tradicionais mercados de Natal do país.
Um grupo de especialistas alemães defende o fechamento do comércio não essencial e de escolas entre o Natal e meados de janeiro. Merkel endossou esta proposta.
"Temos de fazer de tudo para evitar uma progressão exponencial no número de casos", insistiu a chanceler.
Merkel reconheceu que as autoridades do país não poderão fornecer vacinas contra o coronavírus a um número suficiente de pessoas para promover uma grande mudança no curso da pandemia ainda no primeiro trimestre de 2021.
No entanto, ela disse aos parlamentares que a vacinação, vai contribuir com a redução no número de mortes por complicações da Covid-19 no país.
Redutos da extrema-direita
As zonas mais afetadas na Alemanha pela segunda onda da pandemia do coronavírus são redutos da extrema-direita, contrárias às medidas de restrição e adeptas de teorias da conspiração.
"É surpreendente constatar que as regiões mais afetadas são aquelas em que o voto no partido de extrema-direita foi mais elevado nas últimas eleições legislativas, de 2017", avaliou o comissário de governo da Saxônia, Marco Wanderwitz, em entrevista à agência France Presse.
O estado registrou a taxa de incidência mais elevada da Alemanha, com 319,4 casos por 100 mil habitantes, na terça-feira (8), quando a média federal foi de 114,2 por 100 mil, segundo o Instituto Robert Koch.
Uma equipe do Instituto para a Democracia e a Sociedade Civil, com sede na região vizinha Jena, publicou um estudo sobre "a correlação estatística forte e muito significativa" entre o voto no partido de extrema-direita e a intensidade da pandemia.
Matthias Quent, diretor do instituto, ponderou, no entanto, que "podem existir fatores que expliquem os altos resultados do partido de extrema-direita e, ao mesmo tempo, valores de incidência elevados, sem que a correlação entre os dois seja o único fator explicativo".
A proporção de pessoas idosas e de famílias numerosas, a presença de trabalhadores transfronteiriços e até mesmo a organização de um sistema de atendimento, diferente de acordo com os estados, também influenciam nas dinâmicas da pandemia.
G1
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.