Outubro 03, 2024

Trump anuncia envio da Guarda Nacional para Wisconsin para conter distúrbios em protestos antirracismo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (26) que o governo federal está enviando quase mil integrantes da Guarda Nacional para o estado de Wisconsin, para ajudar a conter os distúrbios durante os protestos que começaram na cidade de Kenosha após um policial ter baleado um jovem negro pelas costas.

Na noite de terça, terceiro dia de manifestações, duas pessoas morreram e uma ficou seriamente ferida quando um homem atirou em pessoas que participavam do ato. Kyle Rittenhouse, um jovem de 17 anos, foi detido nesta quarta-feira, acusado de ser o autor dos disparos, segundo a polícia de Antioch, no estado de Illinois.

Segundo Trump, o governador de Wisconsin, Tony Evers, aceitou o envio da Guarda Nacional. Para que o governo federal envie as tropas, é necessária a aprovação do governo estadual.

"O presidente Trump condena a violência em todas as formas e acredita que devemos proteger todos os americanos do caos e da ilegalidade. É por isso que ele está encorajando os governadores democratas a solicitarem à Guarda Nacional e às autoridades federais que aumentem seus esforços locais de aplicação da lei. Ajudamos Wisconsin com o envio de quase mil membros da Guarda Nacional e mais de 200 policiais federais, que incluem integrantes do FBI e US Marshals”, diz um comunicado emitido nesta quarta pela Casa Branca.

A violência explodiu quando centenas de manifestantes protestavam pela terceira noite consecutiva nesta cidade do estado de Wisconsin. A revolta é motivada pelo vídeo que mostra o momento em que Jacob Blake foi atingido por vários tiros à queima-roupa disparados por um policial branco de Kenosha.

Blake, 29 anos, tentava entrar em seu veículo, no qual estavam seus três filhos, quando foi baleado no domingo.

O caso mais recente de violência policial contra um afro-americano gerou protestos em outras cidades dos Estados Unidos, incluindo Nova York e Minneapolis, como parte do movimento Black Lives Matter (As Vidas dos Negros Importam).

O Departamento de Polícia de Kenosha informou que seus oficiais responderam, junto com outras agências, a relatos de um tiroteio com várias vítimas pouco antes da meia-noite de terça.

"O tiroteio resultou em duas mortes, e uma terceira vítima baleada, que foi levada ao hospital com ferimentos graves, mas que não representam uma ameaça a sua vida", anunciou a polícia no Twitter.

Algumas horas antes, vídeos divulgados na Internet mostraram pessoas correndo pelas ruas de Kenosha, enquanto tiros eram ouvidos. Outras gravações mostraram homens feridos deitados no chão.

O comunicado policial disse ainda que "os investigadores estão cientes dos vídeos que estão circulando nas redes sociais vinculados a este incidente".

A maioria dos protestos aconteceu de maneira pacífica, mas alguns manifestantes incendiaram carros e imóveis nas noites de domingo e segunda-feira em Kenosha.

Civis armados
Antecipando outra noite de protestos, as autoridades instalaram uma cerca de ferro na terça-feira diante do tribunal do condado, cenário de confrontos entre policiais e manifestantes nos dias anteriores.

Quando os confrontos começaram, as forças de segurança deslocaram veículos blindados para a área do tribunal e usaram balas de borracha, enquanto os manifestantes responderam com fogos de artifício.

Vários civis armados estavam nas ruas de Kenosha na terça-feira, incluindo um pequeno grupo integrado principalmente por homens brancos, que afirmavam que pretendiam proteger as propriedades privadas.

Um dos vídeos divulgados, verificado pela AFP e gravado pelo fotógrafo Alex Lourie, mostra um homem sentado no chão sangrando muito por um ferimento a bala no braço, enquanto viaturas da polícia se aproximam e agentes gritam para que as pessoas se afastem. O ferido foi levado pelos agentes.

Outro vídeo mostra um homem, que parece estar com um rifle, caído no chão antes que vários tiros sejam ouvidos, o que provoca a fuga de várias pessoas.

"Tentativa de assassinato"
Na terça-feira, a família de Blake pediu calma diante do aumento da revolta nos Estados Unidos por um novo caso de violência policial contra um cidadão negro.

"Realmente, precisamos apenas de orações", afirmou Julia Jackson, mãe de Blake, no momento em que se planeja um protesto nacional em Washington para o fim de semana.

Ela afirmou que o dano provocado nas noites anteriores de confrontos em Kenosha "não reflete o meu filho, nem a minha família". Também fez um apelo à unidade contra o racismo.

O advogado de direitos civis Benjamin Crump, que representa os Blake — e a família de George Floyd, o afro-americano asfixiado por um policial branco em maio — afirmou que "será um milagre, se Jacob Blake voltar a andar".

As balas destruíram uma parte de sua medula espinhal, assim como parte de seus rins, fígado e intestinos.

Enquanto a mãe afirmou que rezava pela polícia, seu pai acusou as forças de segurança de "tentativa de assassinato".

"Atiraram no meu filho sete vezes, como se ele não tivesse importância", afirmou Jacob Blake Sr. "Mas o meu filho importa. É um ser humano", completou.

A irmã de Blake, Letetra Widman, completou: "Não estou triste. Não quero a compaixão de vocês. Quero uma mudança".

Crump afirmou que Blake recebeu os tiros depois de tentar mediar uma briga doméstica.

As autoridades afirmam que a polícia foi chamada por uma ligação que relatou um distúrbio doméstico, mas não explicam o que motivou os tiros contra Blake.

Crump exigiu que os dois oficiais envolvidos, atualmente suspensos, sejam demitidos e acusados pela Justiça.

France Presse
Portal Santo André em Foco

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