Aos pés da Cordilheira dos Andes, Eduardo Coudet brinca com a bola, ri e observa seus jogadores durante o aquecimento no CT da Universidad Católica. O momento lúdico dura pouco. Basta iniciar o treino para o técnico transparecer seu lado enérgico, com gritos de incentivo e orientações incessantes ao elenco do Inter. O argentino cobra intensidade com a urgência do desafio que tem pela frente.

É apenas seu 27º dia de trabalho. E o treinador já vive a primeira prova de fogo pelo clube. Nesta terça-feira, às 18h, o Inter estreia na Libertadores contra a Universidad de Chile, no Estádio Nacional, com muito mais do que a vaga em disputa. Logo no segundo mês do ano, os colorados jogam para ditar os rumos de todo 2020 que terão pela frente.

"O ano do Inter depende da classificação na Libertadores" (Thiago Galhardo)

Avançar à fase de grupos da Libertadores é sinônimo de obrigação para todas as metas traçadas pela diretoria. Sejam elas desportivas ou financeiras. Caso passe pela La U, o Inter ainda terá de bater o vencedor do duelo entre Tolima e Macará para se juntar a Grêmio, América de Cali e Universidad Católica no Grupo E.

Mas tudo começa nesta terça-feira, sob a sombra da instabilidade política e social que toma as ruas de Santiago e o futebol chileno nos últimos dias, com direito a conflito entre torcedores da La U e a polícia nas cercanias do estádio. Coudet garante: ele e sua equipe estão prontos para a batalha.

– É uma partida internacional, os jogadores estão acostumados, eu estou. Na Libertadores, sempre o clima é difícil como visitante. Não creio que mude nada o tema social, mas tomara que esteja mais tranquilo. Vamos tratando de afirmar uma ideia, jogar da mesma maneira em casa e fora – diz Coudet.

Jogadores compram "ideia"
Coudet vive o desafio de "afirmar uma ideia" de jogo desde os primeiros dias de treinos da pré-temporada. O técnico não abre mão de seu 4-1-3-2 e exige intensidade de seus atletas em cada movimento. É a palavra de ordem desde o início do ano no vestiário colorado.

O treino desta segunda-feira em Santiago foi um raro momento em que os jornalistas tiveram acesso total às atividades. A comissão técnica trabalha em sintonia: Coudet e seus auxiliares passam o trabalho todos aos gritos de incentivo, até mesmo durante o recreativo. Os exercícios tiveram a intensidade e os toques curtos como princípios, mesmo na véspera do jogo.

Com menos de um mês de trabalho, o argentino tem o desafio de fazer sua equipe colocar a tão sonhada intensidade em prática no duelo mais importante do ano. Ou seja: armar um time que sai jogando por baixo e busca o gol da maneira mais direta possível, com muitos jogadores no sistema ofensivo. E que também consiga roubar a bola perto do gol.

A amostra dos dois jogos com os titulares deixa dúvidas. Na vitória por 3 a 1 sobre o Pelotas, a atuação foi convincente. Contra o São Luiz, o 4 a 3 teve menos intensidade e expôs falhas no sistema defensivo.

– Foi pouco tempo de trabalho, mas o importante é que o grupo conseguiu captar rapidamente a ideia do Coudet. A gente gosta dessa ideia, compreende, se sente confortável. Obviamente precisa de mais trabalho, confiança, dia a dia, jogo a jogo, aos poucos melhorando ainda mais. A gente tem que continuar trabalhando porque está no caminho – afirma Cuesta.

Indefinição no meio-campo
Para esta terça-feira, o argentino mantém uma indefinição no meio-campo. Damián Musto deve ser o primeiro volante, bem próximo dos zagueiros. Rodrigo Lindoso, Gabriel Boschilia e Thiago Galhardo disputam a vaga como meia central ao lado de Edenílson e Patrick.

Lindoso fez essa função na vitória por 4 a 3 contra o São Luiz. Boschilia foi usado na função contra o Ypiranga. Galhardo, por sua vez, tem atuado como atacante, mas é meia de origem.

Globo Esporte
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