Setembro 30, 2024

Seleção brasileira busca primeiro título oficial sem sofrer gols; veja razões para defesa invicta

Quando entrar em campo para enfrentar o Peru neste domingo, às 17h (de Brasília), no Maracanã, a seleção brasileira estará a 90 – ou 120 – minutos de mais um título de Copa América, seu nono. Mas estará, também, atrás de uma marca inédita em sua história: conquistar o primeiro título de torneio oficial sem sofrer um gol sequer.

Em cinco jogos (450 minutos) nesta Copa América, a meta de Alisson não foi vazada. Com a vitória por 2 a 0 sobre a Argentina, terça-feira, pela semifinal, a Seleção fica mais perto da marca que não teve em suas 17 conquistas oficiais: cinco Copas do Mundo, oito Copas Américas e quatro Copas das Confederações.

Um primeiro passo já foi dado: a Seleção nunca havia chegado a uma final de torneio oficial sem ter sido vazado. Antes, foram 26 decisões:

  • 14 de Copa América;
  • 7 de Copa do Mundo;
  • 5 de Copa das Confederações.

O melhor desempenho foi na Copa América de 1989, quando o Brasil chegou ao jogo decisivo com um gol sofrido – sua melhor marca até a final de 2019. Na ocasião, a Seleção venceu o Uruguai por 2 a 0 na última partida do quadrangular final e foi campeã no mesmo Maracanã que a recebe neste domingo.

Por que a defesa da Seleção faz tanto sucesso?
A solidez defensiva, expressão modinha do futebol, é uma marca registrada dos times de Tite e seus auxiliares. O Corinthians, sob comando dessa comissão, teve a defesa menos vazada do Campeonato Brasileiro em 2011, 2013 e 2015 – ganhou o título em 2011 e 2015. Na época, o então auxiliar Fábio Carille era um dos responsáveis pelo treinamento mais específico do setor. Cleber Xavier, braço-direito do técnico há 18 anos e parceiro na Seleção, também.

Independentemente do sistema tático, as equipes sempre tiveram uma linha defensiva de quatro jogadores muito bem ensaiada. A colaboração dos demais setores chegou a determinar quem poderia se adequar à ideia de jogo – não por acaso, atletas como Jorge Henrique prosperaram mais do que outros de características mais técnicas, como Alexandre Pato.

Na Seleção, Tite conseguiu convencer o grupo a trabalhar defensivamente. Contra a Argentina, na última terça-feira, marcou boa parte do tempo com todo seu time atrás da linha central. A qualidade individual dos defensores, obviamente, é um impulso para os números e estatísticas:

  • Em 41 jogos sob comando de Tite, a Seleção sofreu apenas 10 gols;
  • Já são sete partidas consecutivas sem a defesa ser vazada.

Os conceitos mais treinados para garantir que Alisson seja pouco ameaçado são o "perde-pressiona", que consiste em tentar roubar a bola imediatamente após a perda da posse, o "atacar marcando", método em que a equipe não perde sua configuração posicional quando está atacando para, em caso de perda de bola, conseguir se reorganizar rapidamente, e também uma marcação sem botes no campo defensivo. Com suas linhas montadas, o Brasil opta por tentar bloquear cruzamentos, passes e chutes, fechando espaços.

Essa foi, por exemplo, a estratégia para tentar neutralizar as ações de Lionel Messi na semifinal da Copa América. Firmino, o mais adiantado jogador da Seleção, foi utilizado para obstruir uma das possibilidades de passe para o craque argentino.

E pelo mundo?
Na Copa América, apenas em três das 47 edições realizadas até hoje (sem contar a atual), o campeão não sofreu nenhum gol: Argentina, em 1921, e Uruguai, em 1917 e 1987 – nesta última, com apenas dois jogos disputados, já que entrou na semifinal por ter sido campeão na edição anterior.

Na Copa do Mundo (21 edições) e na Copa das Confederações (10 edições), nunca houve um campeão que não tivesse sofrido pelo menos um gol.

Nos outros continentes, o panorama é semelhante:

  • África: em 31 edições da Copa Africana de Nações, apenas duas tiveram o campeão sem sofrer gols. Costa do Marfim, em 1992, e Camarões, em 2002, atingiram o feito;
  • América do Norte e Central: entre o Campeonato da Concacaf e a Copa Ouro, são 24 torneios disputados (sem contar o atual, que termina também no domingo). Só duas vezes o campeão não sofreu gols – o México em 1996 e 2003;
  • Ásia: em 17 Copas da Ásia, só o Irã, em 1976, conseguiu a proeza;
  • Europa: a Euro nunca teve um campeão sem sofrer gols em 15 edições; a Espanha de 2012 foi quem chegou mais perto, levando apenas um gol em seis jogos na campanha;
  • Oceania: a Austrália terminou zerada duas vezes na Copa das Nações da OFC, em 1996 e 2000 – vale lembrar que a Austrália é filiada à Confederação Asiática de Futebol desde 2006.

No total, de 174 edições de campeonatos continentais e mundiais, apenas 10 tiveram o campeão sem sofrer gols: um índice de 5,7%. Não é, de fato, um feito comum.

Globo Esporte
Portal Santo André em Foco

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