O senador Flavio Bolsonaro (sem partido) publicou em sua conta do Twitter, na tarde desta terça-feira, um vídeo do corpo do ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega. Na gravação, o cadáver aparece de costas e em determinado momento, é filmada a etiqueta com a identificação do corpo utilizada pela perícia da Bahia. Na postagem, o parlamentar afirmou que peritos não conseguiram concluir se Adriano foi ou não torturado antes de ser morto em uma operação policial realizada pela polícia militar da Bahia.
"Perícia da Bahia (governo PT), diz não ser possível afirmar se Adriano foi torturado. Foram 7 costelas quebradas, coronhada na cabeça, queimadura com ferro quente no peito, dois tiros a queima-roupa (um na garganta de baixo p/cima e outro no tórax, que perfurou coração e pulmões", escreveu Flávio.
Em 2005, quando era deputado estadual, Flavio condecorou Adriano na Alerj. A mãe e a ex-mulher do ex-capitão do Bope, Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa, foram lotadas no gabinete de Flávio também quando ele era deputado estadual, em 2018. No mês passado, a família do miliciano foi acusada pelo MP de participar de um suposto esquema de rachadinha no gabinete do parlamentar, na Alerj. Segundo o pedido de busca e apreensão feito pelos promotores, as duas teriam transferido R$ 203 mil para Fabrício Queiroz, ex-assessor do filho do presidente.
Na semana passada, Flavio fez outra postagem na qual afirmou que Adriano tinha sido "brutalmente assassinado".
Perícia independente
Na manhã desta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que havia pedido que fosse realizada uma perícia independente no corpo de Adriano da Nóbrega. "Primeiro eu estou pedindo, já tomei as providência legais, que seja feita uma perícia independente, que sem isso você não tem como buscar até, quem sabe, quem matou a Marielle. A quem interessa não desvendar a morte da Marielle? Os mesmos a quem não interessa desvendar o caso Celso Daniel", afirmou Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada.
No último sábado, durante inauguração de uma obra no Rio, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que foi ele quem determinou que o filho homenageasse o ex-policial militar. Adriano foi acusado pelo MP do Rio de ser um dos chefes da milícia de Rio das Pedras.
- Para que não haja dúvida. Eu determinei. Manda pra cima de mim. Meu filho condecorou centenas de policiais militares. Vocês querem me associar a alguém por uma fotografia, uma moção há 15 anos atrás. As pessoas mudam, para o bem ou para o mal mudam. Não estou fazendo juízo de valor. Vamos esperar as investigações. Se bem que se for o padrão do porteiro da minha casa... - disse Bolsonaro, criticando as investigações sobre a morte da vereadora Marielle Franco.
O presidente também disse que a responsabilidade pela morte de Adriano era da Polícia Militar (PM) da Bahia.
- Quem é responsável pela morte do capitão Adriano? A PM da Bahia, do PT. Precisa falar mais alguma coisa? - disse ele, ao ser perguntado se estava acompanhando as investigações do caso.
Indagado ainda se atribuía a morte a uma questão política, Bolsonaro se esquivou e voltou a dizer que quem matou Adriano foi a PM da Bahia. Em seguida, ele comentou as condecorações feitas por seu filho ao miliciano, chamado por ele de "herói".
- Ele foi condenado em primeira instância e absolvido em segunda - disse Bolsonaro, referindo-se a um processo no qual Adriano foi acusado de matar um guardador de carros. - Não tem nenhuma sentença transitada em julgado condenando o capitão Adriano por nada. Sem querer defendê-lo. Desconheço a vida pregressa dele. Naquele ano (2005), era herói da Polícia Militar. Como é muito comum, um PM quando está em operação mata vagabundo, traficante - disse Bolsonaro.
Ao ser questionado sobre a ligação de Adriano com a milícia no Rio, ele afirmou desconhecer o grupo paramilitar.
- Eu não conheço a milícia no Rio de Janeiro. Desconheço. Não existe nenhuma ligação minha com a milícia do Rio de Janeiro - afirmou.
A mãe de Adriano, Raimunda Veras Magalhães, e a ex-mulher dele, Danielle Mendonça, já trabalharam no gabinete de Flávio na Alerj. No mesmo evento na Zona Portuária do Rio, o senador também comentou a homenagem que prestou ao ex-capitão do Bope no passado.
- Eu, como deputado estadual, homenageei centenas e centenas de policiais militares que venciam a morte todos os dias. E vou continuar defendendo. Não adianta querer me vincular à milicia porque não tem absolutamente nada com a milícia. Condecorei o Adriano há mais de 15 anos - disse o filho do presidente. - A revista "Veja" desta semana dá a informação de que queriam cremar o corpo dele. Fiz questão de ir para as redes sociais e pedir que não fizessem. Porque, pelo que eu soube, pelo que está na revista, ele foi torturado - completou.
O Globo
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