Outubro 01, 2024

Delator relata pagamento de R$ 2 milhões em propina na sede do PT, em SP Featured

O empresário Mário Seabra Suarez, que fechou acordo de delação premiada, relatou um suposto pagamento de R$ 2 milhões em dinheiro vivo na sede nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), em São Paulo, para João Vaccari Neto, então tesoureiro do partido. Os pagamentos ilícitos teriam sido feitos, conforme relata Seabra, em troca de contratos com a Petrobras. Os termos da delação dele foram anexados aos autos do caso em que ele é investigado, na Justiça Federal do Paraná, nesta terça-feira.

Seabra foi sócio da Mendes Pinto Engenharia. Além dele, Alexandre Andrade Suarez, que é funcionário da empresa, também fechou acordo de colaboração. Eles são investigados na Operação Sem Fundos, que apura corrupção na construção da Torre Pituba, sede da Petrobras em Salvador, na Bahia.

A suspeita dos investigadores é de que durante as obras houve repasses de propina ao PT e a ex-dirigentes da Petrobras e da Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros). De acordo com os documentos, teria existido um acerto para que a empresa fosse beneficiada e passasse a gerenciar a construção a partir do pagamento de R$ 9,6 milhões em propina.

Segundo a delação, os ex-diretores da estatal e da Petros intermediaram um encontro entre o representante da Mendes Pinto e o ex-tesoureiro do PT "com o objetivo de acertar os valores de propina a serem pagos e também obter deste (Vaccari), na qualidade de caixa do PT, apoio político à empreitada", informa o anexo.

O delator relata ainda que por determinação de Vaccari teria ficado definido que a propina seria repartida em três partes iguais entre o PT nacional, o PT da Bahia e a Petros. "Posteriormente, os percentuais foram alterados porque os dirigentes da Petros e da Petrobras passaram a cobrar um valor maior do que o acordado", diz outra parte do documento. Com isso, o valor total prometido ao PT não teria sido pago.

Seabra ainda afirmou que Vaccari teria indicado um intermediário que receberia o dinheiro. Ele citou como exemplo uma cunhada de Vaccari e um doleiro de Salvador que tinha representantes em São Paulo para fazer as entregas de dinheiro na sede do PT, no bairro da Sé, na capital paulista.

Para comprovar sua versão dos fatos, o empresário forneceu na delação os dados do taxista que o levou a sede do PT, além de datas e horários de ligações telefônicas realizadas entre a empreiteira e o partido.

Um dos advogados que participou do acordo foi Roberto Podval, criminalista que defende réus da Lava-Jato como o ex-ministro José Dirceu. Ele já participou de outras delações.

O PT informou, por meio de nota, que se trata de mais uma denúncia fantasiosa, sem sentido e sem provas que visa atingir o partido.

Luiz Flavio Borges D'Urso, advogado de defesa do ex-tesoureiro do PT, afirma que mais uma vez um delator, interessado no acordo para diminuição de sua pena, acusa Vaccari de forma inverídica e destituída de qualquer prova.

"Vaccari jamais foi tesoureiro de campanha política de quem quer que seja, sendo tão somente tesoureiro do PT, partido para o qual sempre solicitou doações legais, as quais foram depositadas em conta bancária, com o devido recibo e prestação de contas às autoridades", disse a nota do advogado.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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