Fevereiro 05, 2025

Lula volta a criticar uso de algemas em deportados e reprova falas de Trump Featured

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quarta-feira (5), que o uso de correntes e algemas por brasileiros deportados dos Estados Unidos faz parte de uma discussão sobre direitos humanos e que o episódio é tratado como repatriação, e não deportação, para o Brasil. Em entrevista para rádios mineiras, o chefe do Executivo ainda questionou as declarações dadas pelo presidente estadunidense e destacou que o episódio do voo “não é um problema” de Donald Trump.

“Nós não tratamos a coisa como deportação e, sim, como repatriação. São brasileiros que foram para lá à procura de um mundo melhor, de sorte, de emprego melhor, e não conseguiram se legalizar ou não foram aceitos pelo governo americano. O governo fez um acordo em 2019, e depois desse acordo foi refeito em 2021 em que recria as condições para voltarem. Nós tivemos contato com o caso mais grave, que foi o avião que teve problema na pressurização e parou em Manaus. As pessoas estavam acorrentadas para descer do avião e queria levar as pessoas acorrentadas para Minas Gerais. O nosso governo interveio e nós então acertamos que eles não poderiam ser acorrentados”, contou Lula.

“Quando chega no território nacional, estão submetidos à legislação brasileira. É importante lembrar que não é um problema do Trump, é um problema que foi feito um acordo na época do [Michel] Temer, depois no [Jair] Bolsonaro e fez com o [Joe] Biden. Nós vamos tratar com muito carinho. É uma questão de direitos humanos. Você está vendo o discurso do Trump. É uma coisa que a gente não consegue compreender como um homem pode falar tanta coisa que não tem muitas vezes consequência todo dia. Dia 7 vai chegar um avião, vai parar em Fortaleza. Estamos conversando com o Itamaraty e com a Polícia Federal para ter todos os dados lá quando embarcam”, acrescentou.

O primeiro voo com brasileiros deportados dos EUA pousou no Brasil no dia 24 de janeiro. Os cidadãos usaram algemas e correntes, o que gerou críticas por parte do governo brasileiro, que determinou a retirada dos itens. A medida fere acordo firmado entre os dois países que prevê o uso de algemas só em casos excepcionais. Agora, está previsto um novo voo, que deve chegar em solo brasileiro no dia 7. O Itamaraty anunciou a criação de um grupo de trabalho com autoridades estadunidenses para debater a questão.

Faixa de Gaza
Na entrevista, Lula ainda criticou o plano de Trump em assumir a Faixa de Gaza e afirmou que quem deve cuidar do espaço são os palestinos. Além disso, o líder brasileiro voltou a defender a criação do Estado Palestino, com soberania. Segundo o presidente estadunidense, os EUA querem “ter aquele pedaço de terra, desenvolvê-lo, criar milhares de empregos”.

“Vamos ser francos: os Estados Unidos participaram de tudo de incentivo ao Israel na Faixa de Gaza. Então não tem sentido o presidente dos EUA se reunir com o presidente de Israel e dizer que vai ocupar Gaza. E os palestinos vão para onde? Onde vão viver? Qual o país deles? É uma coisa praticamente incompreensível para qualquer ser humano. Eu acho que as pessoas precisam parar de falar aquilo que vem à cabeça e começar a falar aquilo que é razoável para que a gente possa consolidar o processo de respeitabilidade, democrático e vamos deixar os outros países em paz”, destacou.

“O que aconteceu em Gaza foi um genocídio. E eu sinceramente não sei se os EUA, que fazem parte de tudo isso, seriam o país para tentar cuidar de Gaza. Quem tem que cuidar de Gaza são os palestinos, porque eles precisam ter uma reparação de tudo aquilo que foi destruído para que possam construir suas casas, seus hospitais, suas escolas. Por isso defendemos o Estado Palestino, a criação do Estado Palestino. O mundo não precisa de arrogância, de frases de efeito. O mundo precisa de paz”.

Moeda comum dos Brics
Na entrevista, Lula também foi questionado sobre eventual taxação caso os Estados Unidos aumentem a importação de produtos fabricados pelos países dos Brics. Trump havia dito que a medida é analisada diante de possível criação de moeda comum entre as nações. O brasileiro destacou que o estadunidense “vive de bravata” e que não pode brigar com todo mundo.

“Os Brics significam praticamente metade da população mundial, significam quase metade do comércio exterior nesse mundo, e nós temos o direito de discutir a criação, uma forma de negociação que a gente não dependa só do dólar. É importante que a gente não tenha preocupação com as bravatas de Trump, que a gente discuta o que é importante para nós. Não é o mundo que precisa dos EUA, os EUA também precisam do mundo. Os EUA precisam viver harmonicamente com o Brasil, com o México, com a China. Ninguém pode viver de bravata a vida inteira”, afirmou.

R7
Portal Santo André em Foco

Rate this item
(0 votes)

Leave a comment

Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.

© 2019 Portal Santo André em Foco - Todos os Direitos Reservados.

Please publish modules in offcanvas position.