Outubro 08, 2024

Após proposta do Brasil ser barrada, Lula defende fim do poder de veto no Conselho de Segurança da ONU Featured

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta sexta-feira (27) as regras do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que garantem poder de veto aos cinco países permanentes do órgão.

Lula deu a declaração durante café da manhã, no Palácio do Planalto, com jornalistas que participam da cobertura diária da Presidência da República.

O Conselho de Segurança da ONU é formado por 15 membros, mas somente cinco ocupam os chamados assentos permanentes e, com isso, têm direito a poder de veto. São eles: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.

No último dia 18, a proposta brasileira sobre o conflito entre o grupo terrorista Hamas e Israel recebeu 12 votos favoráveis, mas, vetada pelos Estados Unidos, acabou rejeitada.

Atual presidente rotativo do conselho, o Brasil sugeriu um texto que condenava os ataques terroristas do Hamas e cobrava de Israel o fim do bloqueio à Faixa de Gaza.

Nesta sexta, Lula disse que o poder de veto é uma "loucura" e que o instrumento não é "democrático". Ele também declarou que o Conselho de Segurança da ONU atualmente "vale muito pouco".

"É preciso acabar com o direito de veto, ou seja, se tiver dúvida, vota a maioria, ganha e cumpre-se. Então, eu vou continuar falando em paz, vou continuar falando porque eu acredito que é a coisa mais extraordinária tentar superar o poder das balas com o poder da conversa", afirmou.

"[A proposta brasileira] foi rejeitada por causa de uma loucura, que é o direito de veto conseguido pelo país titular do Conselho de Segurança da ONU, que eu sou totalmente e radicalmente contra. Isso não é democrático", completou Lula.

Ainda sobre o Conselho de Segurança, Lula voltou a defender uma reforma no colegiado, com a entrada de mais membros permanentes, como Brasil, Argentina, México, Egito, Índia e Nigéria, entre outros.

"São os cinco países [titulares] do Conselho de Segurança que fabricam arma, que vendem armas e que fazem guerra. É a contradição. Por isso que nós queremos mudar o conselho [...]. O que nós queremos é democratizar o conselho da ONU porque, hoje, ele vale mto pouco", disse.

'ONU deveria ter coragem de assegurar o Estado Palestino', diz Lula

Na conversa com jornalistas, Lula voltou a chamar de "terroristas" os ataques do Hamas contra Israel, mas repetiu que cabe à ONU classificar o grupo como terrorista, o que ainda não foi feito.

"O Brasil só reconhece como organização terrorista aquilo o que o Conselho de Segurança da ONU reconhece. E o Hamas não é reconhecido pelo Conselho de Segurança da ONU como organização terrorista porque ele disputou eleições na Faixa de Gaza e ganhou", disse.

"O que nós dissemos? É que o ato do Hamas foi terrorista. Nós dissemos isso em alto e bom som de que o ato do Hamas foi terrorista. Não é possível fazer um ataque, matar inocentes, sequestrar gente da forma como eles fizeram", completou Lula.

O petista também afirmou que a ONU deveria ter a "coragem" de assegurar a criação do Estado Palestino.

"O Oswaldo Aranha que presidiu, em 1947, a sessão da ONU que criou o estado de Israel. Portanto, a ONU agora deveria ter coragem de assegurar a criação do Estado Palestino. Sabe, viver em paz, harmonicamente, é isso que nós queremos", disse.

Crítica a Israel
Lula também criticou a resposta do governo israelense aos ataques do Hamas, sobretudo a postura do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

"Agora, o que nós temos é a insanidade também do primeiro-ministro de Israel, querendo acabar com a Faixa de Gaza, se esquecendo que lá não tem só soldado do Hamas, tem mulheres, crianças, grandes vítimas desta guerra. Daí a minha preocupação com os brasileiros", afirmou.

Resgate de brasileiros
Lula também comentou sobre os esforços do governo para retirar brasileiros da zona de conflito.

"Nós não deixaremos um único brasileiro ficar em Israel ou na Faixa de Gaza. Nós vamos tentar buscar todos. Porque esse é um papel do governo brasileiro e já conversei, se eu tiver informação: 'olha, Lula tem o presidente de tal país que é amigo do Hamas'. É pra esse que eu vou ligar", disse.

O petista afirmou que está tentando um acordo entre Israel e Egito para abertura de um corredor humanitário que possibilite a retirada de brasileiros que estão na Faixa de Gaza.

Um grupo de cerca de 30 brasileiros aguarda essa negociação para deixar a região, que tem sido alvo de bombardeios e ataques por terra do exército israelense.

Mais de 1,4 mil brasileiros que estavam no território de Israel já foram repatriados em voos da Força Aérea Brasileira.

g1
Portal Santo André em Foco

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