Outubro 02, 2024

PF acusa hacker Delgatti de lavagem de dinheiro

A Polícia Federal afirma pela primeira vez que encontrou “evidências” de que o hacker Walter Delgatti Neto, responsável por invadir o aplicativo Telegram do ministro da Justiça, Sergio Moro, e de integrantes da Lava-Jato, praticou ações que configuram “lavagem de dinheiro”, crime cuja pena é de três a dez anos de prisão, e possuía aplicativos para realização de fraudes bancárias.

“Já foram encontradas no material arrecadado evidências do envolvimento de Walter Delgatti Neto (...) com ações voltadas à ocultação ou dissimulação da origem dos recursos de origem ilícita, configurando, em tese, o delito de lavagem de dinheiro”, escreveu a PF em relatório parcial do inquérito da Operação Spoofing, obtido pelo GLOBO.

Além da lavagem, Delgatti é apontado como suspeito pelos crimes de violação de sigilo telefônico e invasão de dispositivo informático alheio.

Os investigadores, porém, até agora não obtiveram provas de que o hacker teria sido pago pela invasão do Telegram das autoridades. A PF aponta que “ainda não é possível afirmar se o investigado teria realmente atuado sozinho e não estaria ocultando a participação de outras pessoas nos crimes investigados”. Dentre as novas provas obtidas, chamou atenção dos investigadores uma negociação de bitcoins — um tipo de moeda virtual — no valor de R$ 1,5 milhão, que permanece inexplicada.

'Acabou a tempestade'
No domingo, o jornal "Estado de S. Paulo" revelou que os investigadores também encontraram troca de mensagens entre Delgatti e Danilo Cristiano Marques, em que o hacker afirma que “acabou a tempestade” e “veio a bonança”. O jornal aponta que, segundo a PF, as mensagens “sugerem algum feito”, mas investigadores não estabelecem relação entre elas e o recebimento de dinheiro por parte do hacker.

A Operação Spoofing foi deflagrada em 23 de julho e prendeu quatro pessoas suspeitas de atuarem nas invasões do Telegram de autoridades públicas. Delgatti afirmou que realizou as invasões sozinho e confirmou que repassou as conversas da Lava-Jato para o jornalista Glenn Greenwald, do site “The Intercept”.

Os investigadores, porém, desconfiam das versões apresentadas pelo hacker e dizem que ele “apresentou informações contraditórias a respeito de outros possíveis envolvidos”.

O relatório da PF foi enviado na sexta-feira ao juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do DF, para informar sobre a situação dos quatro presos na operação.

A PF afirmou que há indícios suficientes para manter presos Delgatti e seu amigo Gustavo Henrique Elias Santos. No telefone de Santos, foi encontrado um diálogo no qual ele intermedeia a venda de R$ 1,5 milhão em bitcoins. Essa transação é uma das justificativas para manter sua prisão, porque suas explicações foram consideradas “contraditórias”.

Também foi considerada insuficiente a explicação sobre os R$ 99 mil em espécie encontrados em sua casa. Gustavo disse que o dinheiro teve origem na venda de um veículo no valor de R$ 85 mil, em novembro, mas não apresentou comprovante dessa venda.

A defesa de Delgatti disse que não iria comentar. A defesa de Gustavo negou irregularidades, afirmou que a transação com bitcoins não se concretizou e que o documento de venda do veículo foi apreendido pela PF.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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