Em meio à crise dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a Petrobras "cometeu crime contra a população" ao aumentar o preço dos combustíveis no país. Ele admitiu que pediu à empresa para abaixar os valores, disse ser a favor da privatização da estatal e reconheceu que há a possibilidade de trocar seu atual presidente.
Bolsonaro disse ainda que a empresa não colabora com o governo e que se transformou na "Petrobras Futebol Clube", "onde o clubinho lá de dentro só pensa neles, jamais pensa no Brasil".
"Por questão de um dia, foi feito contato com a Petrobras, porque chegou para nós que eles iriam ajustar na quinta-feira da semana passada, né, e foi feito um pedido para que [a empresa] deixasse para o dia seguinte, atrasasse um dia", disse. "Eles [Petrobras] não nos atenderam. Nós não podemos interferir no preço, mas, se pudesse interferir, as decisões seriam outras", completou.
Bolsonaro se refere ao fato de que a estatal aumentou o preço de venda de gasolina e diesel às distribuidoras no mesmo dia em que o Congresso Nacional aprovou projeto de lei que muda a cobrança do ICMS sobre combustíveis.
As declarações de Bolsonaro foram dadas em entrevista, divulgada nesta quarta-feira (16), à TV Ponta Negra. O chefe do Executivo avaliou como "impagáveis" os preços dos combustíveis, que sofreram alta recentemente em decorrência da invasão da Ucrânia pela Rússia. "É um problema mundial."
Questionado se há a possibilidade de trocar o atual presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, Bolsonaro disse que sim.
"Existe essa possibilidade [de trocar o presidente da Petrobras]. Todo mundo no governo, ministros, secretários, diretores de empresas, presidentes de estatais podem ser substituídos se não estiverem fazendo o trabalho a contento. Então, eu não quero dizer que vai ser trocado ou que não vai ser trocado, eu só não posso trocar o vice-presidente da República. O resto, todos podem ser trocados, obviamente, por motivos de produtividade, por motivo de falha ou omissão no respectivo serviço", afirmou.
Recentemente, o subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Lucas Rocha Furtado, pediu à Corte que investigue uma suposta interferência do presidente na Petrobras por defender a revisão da política de preços que a empresa adota para definir o preço de comercialização dos combustíveis no Brasil.
A forma usada pela Petrobras é a PPI (política de paridade internacional). A medida faz com que o preço da gasolina, do etanol e do óleo diesel acompanhe a variação do valor do barril de petróleo no mercado internacional, bem como a do dólar.
R7
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