Em um evento de um banco de investimentos no final da tarde desta quarta-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou aos gritos propostas do campo político da esquerda e questionou empresários: "É isso que nós queremos para o Brasil?"

O presidente também criticou, sem mencionar os nomes, ministros do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal: "Vocês vão ter que vir para as quatro linhas. Afinal de contas, todos nós temos limites".

Ao lado dos ministros Paulo Guedes (Economia) e Ciro Nogueira (Casa Civil), Bolsonaro participou por videoconferência do CEO Conference 2022, promovido pelo banco BTG Pactual, que nestas terça e quarta reuniu economistas, ministros e pré-candidatos a presidente da República — em momentos diferentes, Ciro Gomes (PDT), Sergio Moro (Podemos), João Doria (PSDB) também participaram do evento.

O presidente disse que o Brasil está "polarizado", mas negou estar fazendo um discurso de campanha durante o evento. Afirmou que a esquerda é que está em campanha.

"O que está em jogo no nosso Brasil é a nossa liberdade e a nossa economia. É isso que nós queremos para o Brasil? Dá para deixar tudo rolar numa boa, quem chegar chegou? Tudo bem, ninguém vai sofrer nada com isso, a economia vai continuar numa boa", afirmou o presidente depois de citar 16 medidas a fim de provocar os empresários a pensarem como um governo de esquerda lidaria com esses temas.

Sem mencionar os nomes dos adversários, Bolsonaro sugeriu que eles poderiam revogar a autonomia do Banco Central, a reforma trabalhista e a da Previdência e também legalizar drogas e aborto.

"O outro lado defende exatamente tudo isso daí, eu creio que isso tudo, caso viesse a ser implementado, como estaria a Economia do nosso Brasil? Há alguma diferença entre nós ou alguns dos senhores vai falar que está tudo resolvido, não tem problema, o que vier a gente vai interagir e o Brasil vai para frente", afirmou o presidente.

Em seguida, questionou os empresários se isso não era motivo suficiente para receber o apoio da plateia do evento.

"Isso já não é suficiente para pessoas com responsabilidade tomarem uma posição? Responsabilidade não é só com a economia, é com a vida, é com a liberdade, é com o futuro do seu país. E nós sabemos o que vai acontecer com essa pátria se esses bandidos voltarem pra cá", afirmou.

Ataque ao Judiciário e às urnas
O presidente também voltou a atacar membros do Judiciário, mas sem citar nomes. Bolsonaro criticou decisões como a prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

"Não vai ser o chefe do Executivo que vai jogar fora das quatro linhas. Mas, por favor, vocês dois ou três, não estiquem essa corda. Vocês vão ter que vir para as quatro linhas, afinal de contas todos nós temos limites", afirmou o presidente.

"Os ministros têm, Paulo Guedes tem, eu tenho limites. Alguns poucos, dois ou três, acham que não têm limites, que podem ficar brincando o tempo todo de nos controlar e desrespeitar nossa Constituição, de ferir a nossa liberdade de expressão, de prender deputado", continuou o presidente.

Depois, Bolsonaro voltou a criticar, sem fundamento e sem apresentar provas, as urnas eletrônicas utilizadas pela Justiça Eleitoral do Brasil e o processo eleitoral, cuja segurança é atestada por técnicos e pela Comissão de Transparência das Eleições, instituída pelo Tribunal Superior Eleitoral e com a participação de representantes das Forças Armadas.

"Mas onde vamos chegar? De termos um sistema eleitoral que você pode não comprovar que é fraudável. Mas você não tem como comprovar também que não pode ser fraudado. A alma da democracia é o voto, tanto é que para cassar parlamentar na Câmara — não sei se continua assim, apesar do meu tempo do voto eletrônico — se fazia no papel", declarou Bolsonaro.

g1
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