O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub afirmou, em depoimento à superintendência da Polícia Federal em São Paulo, nesta sexta-feira (4), que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski tentou comprar uma casa de sua propriedade em um condomínio na Chácara Cordeiro, no Jardim Petrópolis, na Zona Sul de São Paulo.
Segundo Weintraub, a tentativa de compra ocorreu "mesmo sem a casa estar à venda", no segundo semestre de 2021, após Lewandowski negar um habeas corpus pedido por ele no Supremo.
No depoimento, Weintraub disse ainda ter imagens de câmeras do circuito de segurança do ministro entrando no condomínio para visitar casas. Não consta no documento se as gravações foram entregues ou não à polícia.
Em nota divulgada por seu gabinete no STF, o ministro confirmou ter tido a intenção de adquirir um imóvel no mesmo condomínio em que Weintraub possui uma casa e que a intermediação ocorreu através de uma corretora. Lewandowski confirmou também ter visitado duas casas no residencial, mas nenhuma delas era de Weintraub.
"O Gabinete do Ministro Ricardo Lewandowski informa que, por intermédio de uma corretora imobiliária, o Ministro visitou duas casas no referido condomínio em São Paulo, as quais estavam à venda, mas nenhuma delas de propriedade do depoente", diz a nota.
Sobre o fato de ter feito negado o habeas corpus ao ministro da Educação, Lewandowski não se pronunciou.
Weintraub é alvo de uma apuração preliminar, aberta pelo também ministro do STF Alexandre de Moraes, que investiga ataques à corte. Durante uma entrevista veiculada em um podcast em 17 de janeiro deste ano, o ex-ministro da Educação disse, sem apresentar provas, que um dos ministros do STF tentou comprar a casa dele, mesmo sem o imóvel estar à venda. “É adequado isso? Esse juiz me negou habeas corpus”, atacou.
Segundo Alexandre de Moraes, Weintraub divulgou “diversas informações falsas acerca da atuação do Supremo Tribunal Federal e de condutas relacionadas a seus membros” e, por isso, determinou que a PF ouvisse o ex-ministro.
Durante o depoimento, Weintraub também negou ter recebido qualquer tipo de oferta ou promessa de vantagem indevida por parte de alguma pessoa enquanto exerceu cargo público e que também, "como cidadão", não lhe foi solicitada nunca vantagem indevida.
Depoimento
Ao chegar, sem máscara, à sede da PF no início da tarde dessa sexta, Weintraub afirmou que "sempre falou a verdade" e que não tem medo da Justiça.
"Várias vezes, ao longo desses três anos em que eu me tornei uma pessoa pública, as pessoas me taxaram como controverso, fui processado 178 vezes. Nunca tive um processo antes e ganhei absolutamente todos os processos porque eu sempre falei a verdade. Então assim, conhecereis a verdade, eu falo a verdade. Se aqui no Brasil, infelizmente, hoje, falar a verdade é ser polêmico, essa é a minha trilha, não vou fugir dela."
A respeito de uma live que fez no YouTube, disse: "Eu não falei de perseguição, que eu me lembre, mas eu estou aqui para prestar depoimento. Eu não tenho medo absolutamente da Justiça e estou aqui para falar a verdade".
Ao sair da PF, foi questionado por jornalistas se teria apresentado provas das acusações feitas no podcast e disse que "sempre, absolutamente sempre [apresenta provas], eu sou pautado pela verdade".
O depoimento estava marcado para 31 de janeiro, mas foi adiado para esta sexta-feira, a pedido da defesa, porque o advogado estava em fase final de recuperação de Covid-19.
g1
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