Outubro 01, 2024

Nova fase da Lava-Jato mira propina de cervejaria e tenta prender presidente do Grupo Petrópolis Featured

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira a 62ª fase da Operação Lava-Jato , que investiga pagamentos de propinas disfarçadas de doações eleitorais pelo Grupo Petrópolis . Agentes da PF saíram às ruas em 15 cidades do país para cumprir 39 mandados expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba. Entre as seis ordens de prisão, está a do presidente do Grupo Petrópolis, Walter Faria.

A nova fase da Lava-Jato — denominada "Rock City" — tem como base as delações premiadas dos executivos da Odebrecht . De acordo com os colaboradores, a cervejaria Petrópolis teria auxiliado a Odebrecht a pagar propina por meio da troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior, em uma operação conhecida como "operações dólar-cabo".

Ainda de acordo com os delatores, a Odebrecht lançou mão do Grupo Petrópolis para fazer doações de campanha eleitoral para políticos entre 2008 e junho de 2014.

Em dezembro do ano passado, O GLOBO mostrou que Walter Faria era alvo de várias linhas de investigação da PF. O empresário era suspeito de receber propina em suas contas no exterior destinada a políticos do MDB e também investigado por fazer doações eleitorais para políticos a pedido da Odebrecht, em uma espécie de falsidade ideológica eleitoral. Em março, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral admitiu pela primeira vez ter recebido propina da Cervejaria Petrópolis, depois de um delator citar R$ 500 mil de mesada pagos todo mês por Walter Faria ao grupo político de Cabral.

De acordo com a PF, foram expedidos um mandado de prisão preventiva, cinco mandados de prisão temporária (contra executivos do Grupo Petrópolis) e 33 mandados de busca e apreensão em 15 cidades (Boituva, Fernandópolis, Itu, Vinhedo, Piracicaba, Jacareí, Porto Feliz, Santa Fé do Sul, Santana do Parnaíba e São Paulo/SP; Cuiabá/MT; Cassilândia/MS; Petrópolis e Duque de Caxias/RJ; e Belo Horizonte/MG).

Estas doações resultaram em uma dívida de R$ 120 milhões da Odebrecht com a cervejaria. Em contrapartida, a Odebrecht investia em negócios do grupo.

A Lava-Jato também apura se offshores relacionadas ao Grupo Odebrecht realizavam no exterior transferências de valores para offshores do grupo Petrópolis.

Em maio, a Lava-Jato do Rio desbaratou um esquema que, por meio de "chequinhos" e boletos bancários , lavou dinheiro para o ex-governador Sérgio Cabral. Na última fase do processo de lavagem, valores em espécie eram entregues a clientes que desejassem "comprar" os reais em dinheiro vivo. Em contrapartida, esses clientes pagavam no exterior valor correspondente em contas indicadas pelos operadores do esquema. Desta maneira, reais eram trocados por dólares sem levantar suspeitas de órgãos de fiscalização. O Ministério Público Federal (MPF) já havia informado no passado que a Odebrecht foi cliente dessa operação durante anos como forma de pegar dinheiro vivo para subornar agentes públicos.

Dólar-cabo
Para driblar a fiscalização dos órgãos de controle financeiro, as organizações criminosas passaram a desenvolver sofisticados esquemas de movimentação de recursos, no Brasil e no exterior. O sistema de compensação permite aos grupos praticar crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e gestão fraudulenta de instituição financeira, por exemplo, por meio de uma rede de doleiros.

Por meio dessas operações, detalhadas pelo Ministério Público Federal (MPF), a organização criminosa consegue "gerar" reais em espécie no Brasil sem sacar o valor de bancos e também consegue alimentar contas no exterior sem um contrato de câmbio registrado no Banco Central. O dinheiro vivo é um dos meios mais usados nas transações, por encobrir rastros e vinculações entre corruptor e corrupto.

Ações planejadas em Curitiba
Após um ano considerado morno, em maio, a Lava-Jato de Curitiba já tinha planejadas 14 novas operações para serem realizadas até dezembro, segundo fontes da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) com acesso às investigações.

São fases, como mostrou O GLOBO na ocasião, que se desdobram de apurações anteriores, colaborações premiadas da Odebrecht e da OAS e também novas linhas de investigação sobre crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, com envolvimento de agentes públicos de diferentes partidos.

Se a previsão vingar, 2019 promete contabilizar o maior número de fases da Lava-Jato até hoje. Nos primeiros cinco meses deste ano, a força-tarefa havia realizado quatro operações.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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