O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse nesta quinta-feira que “ainda não é o momento” para o governo brasileiro se aproximar da equipe do futuro presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e que seria "precário" fazê-lo durante o período de transição. O presidente Jair Bolsonaro foi o último líder mundial de destaque a reconhecer a vitória democrata, fazendo-o apenas na última terça, dia 15 de dezembro, quase seis semanas após a imprensa americana projetar Biden como vencedor da eleição presidencial, em 7 de novembro.
— [Biden] ainda não tomou posse. Então, qualquer contato com uma equipe de transição sempre é mais ou menos precário. O que conta mesmo é a partir da tomada de posse — disse Araújo, em uma entrevista ao SBT News, afirmando que o governo estará pronto para aproximação com o democrata quando ele assumir a Presidência.
Biden, enquanto isso, ignorou Brasil, Colômbia e México — cujo presidente, Andrés Manuel López Obrador, cumprimentou-o no mesmo dia que Bolsonaro — em seus primeiros contatos, indo na contramão de seu antecessor. Semanas antes de o presidente brasileiro parabenizá-lo pela vitória, o democrata deu seus primeiros telefonemas para presidentes latino-americanos. Os escolhidos foram o peronista Alberto Fernández, da Argentina; o conservador Sebastián Piñera, do Chile; e o costa-riquenho Carlos Alvarado Quesada, um presidente de centro-esquerda de apenas 38 anos.
— Vamos continuar conversando com o presidente se tivermos a oportunidade de mais algum contato até lá. Mas ainda não é realmente o momento de construção dessa linha da nova parceria, que a gente espera seja uma continuação muito boa da parceria que nós temos desenvolvido — afirmou o chanceler na entrevista.
O brasileiro foi o penúltimo líder mundial a reconhecer a vitória de Biden, atrás apenas do norte-coreano Kim Jong-Un. Perguntando se a demora criaria alguma animosidade com o futuro governo democrata, Araújo negou que isso possa acontecer e afirmou que a espera é “plenamente normal”:
— É plenamente normal, porque os resultados que foram anunciados em novembros foram anunciados basicamente pela imprensa, com todo respeito à imprensa. Mas eles se tornaram oficiais com a votação no Colégio Eleitoral.
Bolsonaro só reconheceu a vitória de Biden após o Colégio Eleitoral confirmá-la, no último dia 14. A etapa, que habitualmente é vista como uma formalidade, ganhou os holofotes diante das alegações falsas de fraude promovidas por Trump e de sua tentativa de reverter o resultado da eleição — narrativa que foi endossada pelo presidente brasileiro.
Das mais de 50 ações impetradas por Trump e seus aliados, nenhuma foi bem-sucedida em reverter ou anular votos. As derrotas se acumularam em nível estadual e federal, chegando até a Suprema Corte. Autoridades estaduais, democratas e republicanas, e observadores internacionais não constataram qualquer irregularidade no processo eleitoral americano que pudesse ter alterado o resultado.
Sobre essas alegações, Araújo disse apenas que o governo acompanhou as notícias que questionavam a legitimidade da votação, “dando conta de fraudes sérias”. No entanto, reconheceu que a Justiça americana concluiu o oposto ao rejeitar as ações de Trump e seus aliados.
O Globo
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