Outubro 01, 2024

Adversários da esquerda abdicam de apoio de Bolsonaro no 2º turno nas capitais Featured

Depois de ver grande parte de seus aliados fracassar nas urnas no primeiro turno das eleições municipais, o presidente Jair Bolsonaro deixou de ser um cabo eleitoral desejado no segundo turno pelos candidatos a prefeito em boa parte das capitais. Há resistência mesmo em locais onde o apoio seria natural contra nomes de esquerda, como Porto Alegre, Vitória, Fortaleza e São Luís. Das principais cidades, apenas no Rio e em Belém há o desejo de tê-lo na campanha. Ontem, o presidente manifestou pelas redes sociais apoio a Delegado Eguchi (Patriota) na capital do Pará, enquanto o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), tem viagem marcada para Brasília.

A participação de Bolsonaro no Rio deve ser fechada em um café da manhã marcado para amanhã no Palácio da Alvorada. Crivella quer que o presidente participe de atividades de rua na campanha. A expectativa de aliados do prefeito é que a participação presencial de Bolsonaro ajude a reduzir a diferença entre Crivella e seu adversário, Eduardo Paes (DEM). No primeiro turno, Bolsonaro gravou vídeo para o prefeito e autorizou o uso de sua imagem, mas não compareceu a evento.

Para convencer o presidente a ter maior engajamento, Crivella argumentará que Paes pertence ao mesmo grupo político do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) e do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), visto por Bolsonaro como potencial adversário em 2022. O deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) afirma que o presidente garantiu que gravará novos vídeos e também planeja uma visita ao Rio para caminhar ao lado do candidato.

Por outro lado, aliados de Paes atuam para evitar a presença de Bolsonaro na campanha de Crivella. Próximo do ex-prefeito, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) tem articulado junto ao presidente, enquanto deputados federais do núcleo de Paes têm procurado o senador Flávio Bolsonaro. Eles dizem que, se eleito, Paes não atuará como adversário de Bolsonaro.

Bolsonaro fez na terça-feira o primeiro gesto em relação ao segundo turno. De forma discreta, por meio de um comentário em publicação nas suas redes sociais, manifestou apoio a Eguchi, que enfrenta Edmilson Rodrigues (PSOL), candidato de uma frente de esquerda, na disputa em Belém (PA).

“Caso fosse eleitor em Belém/PA, certamente votaria”, respondeu Bolsonaro no Facebook a um eleitor que defendia o nome de Eguchi. “Boa sorte para ele”, complementou.

Mas a busca pelo apoio do presidente é exceção nas principais disputas. Em Fortaleza (CE), aliados de Capitão Wagner (PROS) afirmam que o deputado não quer nacionalizar a campanha. Wagner já recebeu o apoio do presidente Bolsonaro, mas não se apoiou nele na disputa. Seu adversário é José Sarto, candidato dos irmãos Ciro e Cid Gomes (PDT). Aliados de Wagner afirmam que os apoiadores dos dois lados estão sendo ocultados.

— O sentimento anti-Ferreira Gomes é tão grande quanto o anti-Bolsonaro. É um jogo de esconde esconde — afirma um interlocutor de Wagner, ressaltando que Sarto também não usa os irmãos Gomes em peças de campanha.

Em São Luís (MA), o candidato da oposição, Eduardo Braide (Podemos) também não deve buscar o apoio do presidente. De perfil moderado, ele chegou ao segundo turno na frente de Duarte Júnior (Republicanos) — 38,8% a 22,1%. Neutro até então, Flávio Dino (PCdoB), declarou apoio ao candidato do Republicanos. Mesmo com o fato de Bolsonaro ter rivali7dade com o governador maranhense, não há intenção de aliados de usá-los na campanha.

— O presidente não tem candidato em São Luís. Ele não vai discutir com Flávio Dino — afirma o senador Roberto Rocha (PSDB), aliado de Braide e de Bolsonaro.

Independentes
Em Vitória (ES), o candidato Lorenzo Pazolini, deve manter sua campanha no segundo turno independente, sem reivindicar o apoio. Tão logo foi confirmado na próxima etapa da disputa contra João Coser (PT), ele já demonstrou sua intenção:

— Minha candidatura é independente, o candidato do Bolsonaro era outro no primeiro turno, inclusive com fotos nas redes sociais — disse Pazolini, referindo-se ao Capitão Assumção (Patriota).

Em Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB) também quer manter uma campanha independente, sem padrinhos políticos. A candidatura de Melo está situada no campo da centro-direita na cidade. Ele já recebeu apoios de dois adversários da direita no domingo e não tem pretensão de usar Bolsonaro para conquistar o voto mais conservador. Sua rival no segundo turno é Manuela D’Ávila (PC do B).

Desde o resultado das urnas, aliados do presidente de dentro e fora do governo se dividiram entre negar um fracasso nas disputas municipais — ou ao menos tirá-lo do colo presidencial —e reconhecer que é preciso mudar para recuperar o bom desempenho de 2018.

Assessores que consideraram o resultado negativo avaliam que a participação do presidente no pleito sem qualquer filiação partidária impôs uma urgência: a necessidade de ele encontrar rapidamente uma legenda para organizar seu grupo político.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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