Outubro 04, 2024

Bolsonaro diz que vai tentar federalizar Fernando de Noronha, parte de Pernambuco Featured

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que vai tentar federalizar Fernando de Noronha, que faz parte do estado de Pernambuco, ao criticar medidas de proteção ambiental válidas no arquipélago.

Ao lado do secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, em transmissão ao vivo pela internet, ele defendeu a liberação da pesca de sardinha na ilha, autorizada na semana passada. A decisão foi criticada por cientistas, ambientalistas e pela secretaria de Meio Ambiente de Pernambuco.

Seif ironizou opositores que teriam dito, em redes sociais, que faltaria comida para tubarões e disse que os animais não vão passar fome em Noronha. Bolsonaro, então, contou ter visto um comentário de que "vão acabar com os corais em Fernando de Noronha com rede" e brincou que os aparelhos teriam que ser de aço.

O secretário apontou que a pesca dos peixes ocorre com tarrafa — rede arremessada com as mãos — e que haverá apenas 30 barcos para pegar sardinhas.

— Em Fernando de Noronha, 30 barcos? E a sardinha tinha que vir do continente pra lá? Não pode pescar? — questionou o presidente, ao que Seif respondeu dizendo se tratar de um absurdo. — Você mora numa ilha e tem que importar peixe. É o fim da picada. Isso é aqueles ambientalistas xiitas... — complementou Bolsonaro.

O presidente afirmou ainda que, se não se engana, havia 40 servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ambiental do governo brasileiro, em Noronha, e que pediu ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles "para dar uma remanejada".

— Que eu sei que precisa, tudo bem, mas 40 em Fernando de Noronha é um número um pouquinho grande, né? Mas tudo bem — comentou.

Seif disse em seguida que ninguém vai enlatar sardinha em Fernando de Noronha e que apenas pescadores nativos e tradicionais da ilha podem pegar os peixes, em uma média de 10 kg por embarcação por dia, em alto mar.

— Imaginem vocês Fernando de Noronha, que deveria ser autossustentável em peixe, traz peixe do continente para abastecer as famílias e os restaurantes. É absurdo. Ninguém vai, com barco industrial, invadir Noronha e acabar com tudo, como falaram. E outra coisa: chegaram a gravar depoimento que ia faltar comida pro tubarão. É o maior absurdo — declarou o secretário de Pesca, arrancando risadas do presidente.

Ele ainda criticou "um secretário do Meio Ambiente aí", que, segundo Bolsonaro, foi colocado no cargo "na peixada" e "não manja nada de peixe", sem citar o nome do seu alvo. Ele se referia ao secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Antônio Bertotti Júnior, que se manifestou contra a liberação, feita durante o defeso da sardinha, quando a pesca é proibida por causa do período de reprodução dos peixes.

— Olha, se botar uma baleia e um camarão do lado dele ele vai se confundir o que é que é o quê. Então é o seguinte, falou: "ai, a sardinha está no defeso". Querido, pelo amor de Deus, pelo amor de Deus, a única espécie de sardinha controlada no Brasil é Sardinella brasiliensis. Leia um pouco mais e não vá contra os pescadores que eles precisam trabalhar. Tem gente que não gosta de trabalhar, mas os pescadores de Noronha querem e agora podem trabalhar — afirmou Seif.

Federalização
Após as críticas, Bolsonaro parabenizou o seu secretário, e contou que sugeriu "a gente federalizar Fernando de Noronha".

— Porque parece que virou ali uma ilha de amigos... não quero falar o nome aqui para não ter problema... mas de amigos do rei, e o rei não sou eu — declarou.

Em seguida, o presidente disse ser um absurdo "inacreditável" ir a uma praia em Fernando de Noronha e pagar R$ 100. E comentou que havia um gerador de energia eólica no arquipélago que parou de funcionar depois de um passarinho aparecer morto "um tempo atrás".

— Agora é com diesel. O pessoal fala tanto em meio ambiente, né? — disse. — Inclusive lá agora tem a geração de energia, a termoelétrica, os caras vão lá na termoelétrica, movida a óleo, né?, e carregam o carro de energia elétrica, a bateria do carro, para andar na ilha. Sem comentários, pô. É muito menos poluente você andar com o carro diretamente movido a diesel ou gasolina do que você ir na termoelétrica recarregar a bateria do teu carro. Então são esses absurdos que a gente tem que mudar — acrescentou.

E reforçou a intenção de tomar o controle da ilha, administrada por um indicado do governador de Pernambuco.

O antigo Território Federal de Fernando de Noronha foi extinto pela Constituição de 1988.

— Agora vamos tentar, se for possível, né?, a gente federalizar Fernando de Noronha, acabar com essa questões. Fazer realmente um polo turístico. Ouvi dizer que há um tempão não pode parar navio lá...

Jorge Seif disse que o arquipélago "não é a Cuba brasileira" e pertence aos brasileiros. Por isso, segundo ele, a população do país tem que conhecer a ilha, mas "com estrutura".

— Poderia ser um local aí de arranjar recursos para o Brasil vindos de fora, do turismo, dar uma condição de vida melhor para a população, tá certo? Então é muita coisa errada no Brasil que a gente vai arrumando devagar, vai buscando solução para isso. Não pode aquela ilha ter dono, ter dono. Tá certo? — concluiu Bolsonaro.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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