Outubro 06, 2024

Antes de lista tríplice ser conhecida, candidatos a PGR fazem 'romaria' a sub-chefe da Casa Civil por votos

Antes mesmo da formação da lista tríplice , prevista para ser conhecida na noite desta terça-feira, procuradores que querem a cadeira de procurador-geral da República já fizeram movimentos em direção ao Palácio do Planalto , numa tentativa de convencer o presidente J air Bolsonaro sobre a viabilidade de seus respectivos nomes. Bolsonaro, até agora, não fez qualquer compromisso com a lista, votada pela própria categoria, o que provocou uma corrida sem precedentes pelo cargo.

Há candidatos correndo por dentro e por fora da votação organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Cerca de 1,2 mil procuradores podem votar nesta terça para a constituição da lista, um instrumento que não está previsto em lei, sendo apenas uma tradição, seguida em todos os governos de Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer. A Constituição Federal determina apenas que cabe ao presidente da República indicar um nome e ao Senado, referendá-lo, após uma sabatina.

Dez procuradores regionais e subprocuradores-gerais da República buscam os votos dos colegas. A ANPR prevê que os três nomes mais votados serão conhecidos às 19 horas desta terça. Outros correm por fora, como a própria procuradora-geral, Raquel Dodge, que quer ser reconduzida ao cargo por mais dois anos. O mandato dela acaba em 18 de setembro. Um segundo candidato avulso é o subprocurador-geral Augusto Aras.

Um funcionário do Planalto passou a ser considerado decisivo no processo de escolha do chefe da PGR: o subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, Jorge Antônio de Oliveira. Ele é muito próximo da família Bolsonaro. Já foi, por exemplo, chefe de gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. O gabinete dele foi transferido para o terceiro andar do Palácio do Planalto, o mesmo andar onde fica o gabinete presidencial. Oliveira passou a ser procurado por candidatos interessados na cadeira de procurador-geral da República.

A agenda oficial do subchefe da Casa Civil registra um encontro com Augusto Aras às 16 horas do último dia 16 de maio, em sua sala no terceiro andar do Planalto, para tratar de "lista tríplice". Segundo Aras, o encontro existiu para entregar seu currículo e apresentar sua candidatura por fora da lista, "na esperança de que ele leve a candidatura ao presidente".

– Fiz um levantamento de pessoas que participam do processo. Doutor Jorge é uma pessoa muito educada e gentil – disse o subprocurador.

O candidato extra-lista fez o mesmo com os filhos do presidente. Ele esteve com o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e com Eduardo. Também se reuniu, segundo ele, com o advogado-geral da União, André Mendonça. Nos encontros, defendeu seu nome para a cadeira de procurador-geral e entregou um currículo, conforme o subprocurador.

O subprocurador Mario Bonsaglia, que figurou nas últimas duas listas tríplices votadas pelos procuradores da República, também já procurou pessoas próximas a Bolsonaro. Bonsaglia não diz quem. Questionado pelo GLOBO se esteve com o subchefe da Casa Civil no Planalto, o candidato à lista afirmou:

– Não estive reunido com Jorge Oliveira na SAJ (Subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil).

A agenda oficial de Oliveira não registra nenhum encontro com Bonsaglia ou outro candidato a um lugar na lista tríplice. A reportagem do GLOBO questionou o subchefe da Casa Civil sobre as discussões e encontros no processo de escolha do procurador-geral, mas ele não respondeu aos questionamentos.

Dodge também fez movimentos em direção ao Planalto antes da formação da lista tríplice, para além das costuras em direção aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Davi Alcolumbre (DEM-AP). A procuradora-geral se aproximou de interlocutores do presidente, como os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e de São Paulo, João Doria (PSDB).

Na segunda-feira, ela foi até ao Planalto para participar da cerimônia pública de assinatura da medida provisória que dá agilidade à venda de bens apreendidos com traficantes de drogas. Ganhou um afago de Bolsonaro. Sentou-se ao lado do ministro da Justiça, Sergio Moro, que vem enfrentando uma crise em razão da divulgação de mensagens trocadas entre ele e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava-Jato em Curitiba. As mensagens, publicadas pelo site "The Intercept", mostram uma suposta interferência de Moro nos atos do MPF.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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