Outubro 04, 2024

Mourão: Brasil sofre pressão de países que não preservaram florestas, e fala de Guedes 'não atrapalha' Featured

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira (7) que o Brasil sofre pressão de países que "não fizeram o trabalho" de preservação das próprias florestas e que a declaração do ministro Paulo Guedes (Economia) a estrangeiros sobre preservação "não atrapalha".

Mourão deu as declarações ao ser questionado sobre a participação de Paulo Guedes, nesta quinta (6), em uma videoconferência promovida por um instituto de Chicago (EUA).

Na transmissão ao vivo, o ministro da Economia, pediu aos estrangeiros que sejam "gentis" com o Brasil porque eles "destruíram" as próprias florestas.

Guedes afirmou: "Eu só peço que vocês sejam gentis, pois nós somos muito gentis. Nós entendemos sua preocupação. Tendo vivido tudo o que vocês viveram, vocês querem nos poupar de destruir nossas florestas, como vocês destruíram as de vocês. Vocês querem nos poupar de perseguir índios, nativos. Nós entendemos isso."

Questionado nesta sexta se a declaração do ministro da Economia atrapalha o diálogo com investidores estrangeiros, Mourão respondeu:

"Não é questão de que é o jeito mais adequado. É que as vezes a gente sofre determinadas pressões oriundas de países que não fizeram o trabalho deles em outro período da história. [...] Não atrapalha, o Guedes ele só ajuda."

Mourão chefia o Conselho Nacional da Amazônia Legal e tem se reunido com investidores brasileiros e estrangeiros para discutir a proteção do meio ambiente.

Para o vice Hamilton Mourão, a exploração da Amazônia deve seguir os "parâmetros atuais" da sociedade.

"Haveria aquela corrida do ouro na Califórnia e no Alasca, que ocorreu no século 19, em pleno século 21 com aquelas características? Não haveria. É a mesma coisa que acontece na Amazônia. A exploração da Amazônia tem que se dar dentro dos parâmetros que são da humanidade de hoje, e não de dois séculos atrás", disse.

Segundo Mourão, o investidor procura locais com respeito ao meio ambiente, à questões sociais e com boa governança.

"Isso faz parte do diálogo, isso não é problema [a fala de Guedes]. O investidor ele vem aonde ele vai ganhar dinheiro. Hoje o investidor por pressão, vamos dizer assim, daqueles que colocam dinheiros nos fundos de investimento, ele busca lugares onde haja respeito ao meio-ambiente, respeito a questão social e que haja governança, que o dinheiro dele dê lucro", disse.

Desmatamento
Mourão também comentou números de alertas de desmatamento divulgados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

Segundo o Inpe, os alertas na Amazônia aumentaram 34,5% no período de um ano. De agosto de 2019 até 30 de julho deste ano, houve alertas de desmatamento de 9.125 km² de área da floresta. Entre agosto de 2018 e julho de 2019, esse número tinha ficado em 6.844 km².

Já os dados comparados dos meses de julho de 2020 e 2019 registraram queda nos alertas neste ano: em 2020, os dados, que ainda não consideram o dia 31 de julho, apontam 1,5 mil km² de áreas com alertas de desmate. No ano passado, o total foi de 2,2 mil km².

"Houve uma inversão da tendência, tínhamos há mais de um ano uma tendência de aumento do desmatamento e, pela primeira vez, a gente tem a inversão da tendência", disse Mourão nesta sexta.

O vice-presidente disse que o governo trabalha para "colocar o desmatamento dentro do mínimo aceitável", mas não especificou um número. Perguntado sobre a estratégia para manter a tendência de queda registrada em julho, defendeu a repressão aos crimes ambientais.

"É pressão em termos de repressão enquanto a gente não conseguir avançar, no que considero que é a busca da solução melhor, que é a regularização fundiária", disse.

O governo realiza desde maio a Operação Verde Brasil 2, executada pelas Forças Armadas para combater crimes ambientais.

Nesta quinta-feira, k Ministério da Defesa suspendeu uma operação de combate a garimpos ilegais na terra indígena Munduruku, no Pará. A decisão foi anunciada um dia depois de o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, se encontrar com garimpeiros e indígenas favoráveis ao garimpo, que pediram que a operação fosse suspensa.

G1
Portal Santo André em Foco

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