Outubro 03, 2024

Alckmin vira réu e vai responder na Justiça Eleitoral por caixa 2, corrupção e lavagem de dinheiro Featured

O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) virou réu na Justiça Eleitoral de São Paulo e vai responder agora pelos crimes de caixa 2, corrupção e lavagem de dinheiro. A denúncia apresentada pelo Ministério Público foi aceita nesta quinta-feira. pelo juiz Marco Antonio Martin Vargas, da 1ª Zona Eleitoral.

A acusação contra o ex-governador e candidato do PSDB à Presidência da República em 2018 havia sido apresentada no âmbito da Lava-Jato eleitoral paulista na semana passada.

Em seu despacho nesta quinta-feira, o magistrado escreveu que constatou "presentes indícios da ocorrência dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, bem como de autoria de cada um dos denunciados".

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Além de Alckmin, Marco Antonio Monteiro, ex-tesoureiro do PSDB e ex-secretário de planejamento do governo de São Paulo, e seis delatores também se tornaram réus.

A denúncia do MP afirma que Alckmin recebeu R$ 2 milhões da Odebrecht na campanha ao Palácio dos Bandeirantes em 2010 e R$ 9,3 milhões quando disputou a reeleição, em 2014. De acordo com os investigadores, além da delação de ex-executivos da Odebrecht, também foram obtidas provas em sistemas de informática e extratos telefônicos.

Os crimes teriam sido cometidos como contrapartidas em relação às obras do Metrô e do Rodoanel, anel rodoviário que liga diversas estradas no estado.

"Os depoimentos dos colaboradores e das testemunhas, somados aos elementos de corroboração acostados aos autos, em tese, perfazem conjunto de indícios, por ora, capaz de reforçar a convicção sobre o envolvimento dos denunciados no complexo esquema de solicitação e recebimento de vantagens indevidas em razão de função política, omissão de dados à Justiça Eleitoral e lavagem de capitais, supostamente erigido para dissimular os fins ilícitos dos grupos políticos e empresariais apontados", escreveu o juiz no despacho em que aceitou a denúncia.

O nome do então governador apareceu na delação de três executivos da Odebrecht. Benedicto Júnior, que atuava no departamento de Operações Estruturadas, que ficou conhecido como departamento de propina, disse que a empreiteira repassou R$ 10,3 milhões para as campanhas de 2010 e 2014, sem registro na Justiça Eleitoral, o que configura caixa 2 eleitoral.

Nas eleições de 2010, o repasse da empreiteira somou R$ 2 milhões e teria sido feito, segundo os delatores, com a intermediação de Adhemar Ribeiro, cunhado de Alckmin. Ribeiro não foi denunciado porque tem mais de 70 anos e possíveis crimes já prescreveram. A partir dessa idade, os prazos de prescrição caem pela metade. Já nas eleições de 2014, o governador teria recebido vantagens indevidas na forma de doações não registradas por meio de Marcos Monteiro.

Segundo a denúncia, em 2010, as tratativas foram feitas no escritório do ex-governador. Na ocasião, delatores da Odebrecht apontam que Alckmin teria entregue o cartão de seu cunhado, Adhemar Cesar Ribeiro, para que com ele fossem estabelecidas as tratativas.

"Ao final, foi pago pelo Grupo Odebrecht o valor total de 2 milhões em favor de Geraldo Alckmin, cujo codinome utilizado pelo Departamento de Operaçoões Estruturadas do Grupo Odebrecht era "Belém"", afirmaram os promotores.

Já em 2014, executivos da Odebrecht teriam sido procurados pelo então tesoureiro do partido, Marcos Monteiro, em que teria sido solicitado apoio financeiro à campanha de Geraldo Alckmin para o governo de São Paulo.

Com acesso aos dados das ligações feitas por Monteiro e por executivos da Odebrecht à época, os investigadores apontam que os sinais dos celulares indicam que ambos estavam na mesma região em diversas oportunidades.

"Ao final, foi pago pelo Grupo Odebrecht a Geraldo Alckmin o valor total de R$ 9,3 milhões, por meio de onze pagamentos", afirma a denúncia.

Segundo os promotores, a Odebrecht classificava os partidos por nomes de clubes de futebol e os políticos pela posição: atacantes eram candidatos à Presidência, e meias eram candidatos a governador.

De acordo com a denúncia, o PSDB foi identificado como Corinthians e Alckmin, como meia.

Em nota, a defesa de Alckmin disse que a denúncia "dará a oportunidade que foi até agora negada ao ex-governador de se defender e de contraditar as falsas e injustas acusações de que está sendo vítima e, principalmente, de provar a sua improcedência".

Afirmou ainda que "lamenta essa injusta e indevida exposição, confiante de que, ao final do processo, a verdade e a justiça prevalecerão, pois nunca recebeu valores a título de contribuição de campanha eleitoral que não tenham sido devidamente declarados nos termos da legislação vigente, nem tampouco praticou qualquer ato de corrupção, como, aliás, nunca fez durante mais de 40 anos de vida pública".

O PSDB de São Paulo também divugou nota em que reiterou sua "confiança na idoneidade de Geraldo Alckmin". "Em seus mais de 40 anos de vida pública, Alckmin manteve uma postura de retidão e respeito à lei sem jamais abrir mão dos princípios éticos e de seu compromisso em servir ao setor público e ao cidadão. Acreditamos na Justiça e temos convicção de que, ao final do processo, os fatos serão devidamente esclarecidos", afirma a nota assinada pelo presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi.

A defesa de Marcos Monteiro reiterou a nota divulgada na semana passada, quando houve a apresentação da denúncia. Disse que os fatos são "infundados, fruto da reiteração de procedimentos que visam atingir o direito de defesa e o contraditório" e que o ex-tesoureiro do PSDB "provará sua inocência, no momento em que for ouvido nos autos". A defesa acrescentou que "Marcos Monteiro não tem qualquer relação com as obras realizadas pela construtora Norberto Odebrecht", diz a nota.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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