Outubro 02, 2024

Nos bastidores, Aras vê 'ato político' na divulgação integral do vídeo e diz que seu guia é a Constituição Featured

O procurador-geral da República, Augusto Aras, avaliou, em conversas reservadas, que a eventual divulgação integral do vídeo de reunião ministerial é mais um "ato político do que jurídico". Por isso, a tendência é que ele defenda que só a parte referente ao ex-ministro Sergio Moro e ao presidente Jair Bolsonaro seja tornada pública. A decisão ainda será encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Aras chegou, inclusive, a decidir recorrer a Celso de Mello, ministro do STF, contra a transcrição integral do vídeo — como o blog publicou.

Mas a PGR afirmou, depois, que ele reavaliaria a própria decisão, após seus assistentes terem acompanhado a exibição do vídeo na terça-feira (12).

A reunião ministerial aconteceu em 22 de abril, poucos dias antes de Moro deixar o cargo de ministro da Justiça. O vídeo da reunião foi mencionado por Moro no inquérito que investiga a suposta interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal (PF).

Aras está no centro de pressões para decidir se arquiva ou apresenta denúncia contra Bolsonaro no inquérito.

Um interlocutor de Aras lembra uma frase que o PGR usou no passado, para explicar o humor de Aras em meio à polêmica e a alta temperatura envolvendo Moro x Bolsonaro. Disse Aras, no passado: “Não levo caprichos nem arbítrios para a vida pública: meu guia é a Constituição e as leis do país”.

Nos últimos dias, perguntado se ia denunciar ou arquivar o processo, o PGR repetiu a interlocutores que não perde a cabeça com essa pressão. Que só perderá a cabeça “se sair fora da Constituição”.

No entanto, Aras considera que há uma tentativa de dar caráter de “escândalo” para a exibição do vídeo.

E também considera que faltam apurações para tomar sua decisão — por exemplo, periciar a íntegra do celular de Moro e, por fim, ouvir Bolsonaro na investigação. Ele chegou a dizer, nos bastidores, quando pediu diligências iniciais, que era cedo para ouvir o presidente — mas deixou claro que Bolsonaro seria o último a ser ouvido.

Para Moro, no entanto, Aras está alinhado ao Palácio do Planalto. O Planalto quer minar Moro e aposta numa guerra de narrativas, além de não acreditar em denúncia. O ex-ministro repete a aliados que não tem nada a esconder e que o seu celular está à disposição — mas pode expor ainda mais o governo — por conta de mensagens sobre diversos temas delicados com diferentes autoridades, incluindo o presidente.

Sobre críticas de que estaria alinhado ao Planalto, sempre que é questionado sobre isso, o PGR diz que deve satisfação à sua consciência — e que incomoda pois “não é como seus antecessores”, numa crítica velada aos ex-ocupantes do cargo: Rodrigo Janot, que denunciou Michel Temer no caso JBS; e Raquel Dodge, a quem ele acusou de trabalhar contra sua candidatura à PGR (ela nega).

G1
Portal Santo André em Foco

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