Outubro 02, 2024

Maia, ministros do STF, governadores e OAB repudiam ataques em ato pró-Bolsonaro em Brasília Featured

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), governadores, lideranças partidárias e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, lamentaram as agressões sofridas por jornalistas em manifestação em defesa do presidente Jair Bolsonaro neste domingo, em Brasília. A ministra do STF Cármen Lúcia defendeu a liberdade de imprensa. Maia, por sua vez, se manifestou em suas redes sociais lembrando a agressão sofrida por enfermeiros ao encontrarem apoiadores de Bolsonaro em protesto no dia 1º de maio.

"Ontem enfermeiras ameaçadas. Hoje jornalistas agredidos. Amanhã qualquer um que se opõe à visão de mundo deles. Cabe às instituições democráticas impor a ordem legal a esse grupo que confunde fazer política com tocar o terror", escreveu o presidente da Câmara.

Apoiadores de Bolsonaro agrediram jornalistas durante manifestação a favor do presidente e contra Moro, Maia e o STF, em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília. Um repórter fotográfico do Estado de São Paulo foi derrubado duas vezes, foi chutado e levou murros na barriga. Um motorista do jornal levou uma rasteira. A ministra do STF Cármen Lúcia repudiou os ataques:

- Lamento a informação de ter havido agressão a jornalistas em um dia tão significativo para imprensa como hoje. É inaceitável, inexplicável, que ainda tenhamos cidadãos que não entenderam que o papel do profissional de imprensa é o que garante a cada um de nós poder ser livre. Estamos, portanto, quando falamos da liberdade de expressão e de imprensa, no campo das liberdades, sem a qual não há respeito à dignidade - disse Cármen Lúcia.

Em 1993, decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas criou o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado em 3 de maio. Cármen Lúcia participa de debate sobre "Pandemia e o papel essencial da imprensa", promovido pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).

Cármen Lúcia disse que, quando um jornalista é agredido, a "cidadania" também é:

- Não há dignidade na ausência de liberdade. E não há como exercer a liberdade sem ser informado sobre aquilo que se passa a nossa volta.

A ministra do STF também disse que "só quer o silêncio quem não quer a democracia".

- Quem gosta de ditadura gosta de silêncio. A democracia é plural, é barulhenta. Traz ruídos que a pluralidade enseja. Cada um tem direito de pensar livremente e a expressar suas opiniões livremente, e a capacidade crítica de uma sociedade depende das informações que a imprensa oferece.

Em nota, a Anistia Internacional alertou para a violência que jornalistas e profissionais da imprensa vêm sofrendo no Brasil e associou as intimidações ao presidente Jair Bolsonaro.

"No contexto do atual governo, ataques quase diários por parte do Presidente da República autorizam outras violências. Agressões a que profissionais da imprensa foram submetidos hoje em ato pró-Bolsonaro são inadmissíveis, sobretudo no Dia mundial da Liberdade de Imprensa", afirmou a entidade.

Fux e Moraes repudiam agressões à imprensa
O ministro do STF Luiz Fux também se manifestou sobre as agressões.

- A dignidade humana se caracteriza pela autodeterminação, pela liberdade de escolhas e de expressão. A dignidade da imprensa se exterioriza pela sua liberdade crítica, de investigação e de denúncia de atitudes anti-republicanas. Num país onde se admite agressões morais e físicas contra a imprensa, a democracia corre graves riscos - disse Fux.

O ministro do STF Alexandre de Moares também criticou as agressões contra jornalistas neste domingo na capital federal.

“As agressões contra jornalistas devem ser repudiadas pela covardia do ato e pelo ferimento à Democracia e ao Estado de Direito, não podendo ser toleradas pelas Instituições e pela Sociedade”, escreveu o ministro em uma rede social.

OAB e Moro também se manifestam
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, divulgou nota em que criticou também a fala do presidente Jair Bolsonaro, em que declarou ter chegado "no limite", ao dizer que não aceitaria mais "interferência" em seu governo.

“Os limites que existem são os da Constituição, e valem para todos, inclusive e sobretudo para o presidente. A única paciência que chegou ao fim, legitimamente e com razão, é a paciência da sociedade com um governante que negligencia suas obrigações, incita o caos e a desordem, em meio a uma crise sanitária e econômica", diz a nota assinada por Santa Cruz.

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro também se manifestou, através de uma rede social.

"Democracia, liberdades - inclusive de expressão e de imprensa - Estado de Direito, integridade e tolerância caminham juntos e não separados", escreveu Moro.

Governadores criticam postura de Bolsonaro
O governador do Rio, Wilson Witzel, criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro de voltar a incentivar aglomerações, apesar das recomendações das autoridades sanitárias.

“Passamos dias e dias apelando às pessoas para ficarem em casa e cuidarem da saúde e o presidente segue acenando para as pessoas em aglomerações. Eu não sei onde o presidente quer chegar com isso. Mas cada vida perdida será responsabilidade dele. É um péssimo exemplo”, escreveu o governador em uma rede social.

O governador de São Paulo, João Doria, obrou que a Justiça puna os agressores e afirmou que eles atacam a democracia e ferem o Estado de Direito.

"Milicianos ideológicos agridem covardemente profissionais de saúde num dia. Agridem profissionais de imprensa no outro. São criminosos que atacam a democracia e ferem o Estado de Direito. A Justiça precisa punir esses criminosos", escreveu Doria em uma rede social.

O governador do Maranhão, Flávio Dino, afirmou que a vontade do presidente ter um governo “sem interferências” representa, na prática, uma ditadura.

“É da essência da tripartição funcional do Estado que os Poderes interfiram uns nos outros. Na verdade, Bolsonaro está com medo da delação de Moro e de ser obrigado a mostrar o exame do coronavírus”, escreveu o governador, citando as investigações que estão sendo feitas sobre as acusações que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro fez contra o presidente Bolsonaro.

O governador do Ceará, Camilo Santana, afirmou que o país vive “tempos sombrios”:

“Aglomerações estimuladas pelo presidente em meio a uma gravíssima pandemia. Jornalistas agredidos no Dia da Liberdade de Imprensa. O Brasil vive tempos sombrios. Mas este é o momento em que mais precisamos ser fortes, para defender a vida e para lutar pela nossa democracia”, escreveu o governador também em uma rede social.

Lideranças partidárias também criticam presidente
O líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), também usou as redes sociais para criticar a postura do presidente neste domingo.

“Ataques a outros poderes, a jornalistas, a adversários, a ex-aliados, ameaças contra todos... A cada novo ato, Bolsonaro comprova que estamos certos: não há outra saída a não ser afastá-lo. É isso ou ele destruirá a democracia brasileira”, escreveu o deputado.

O ex-ministro da Educação e candidato à presidência da República pelo PT, Fernando Haddad, também usou uma rede social para questionar a fala presidencial:

“O fascismo põe seus ovos: Bolsonaro, que descumpre a constituição diariamente, diz que ‘constituição será cumprida a qualquer preço’”, escreveu Haddad.

O presidente Nacional do PSDB, Bruno Araújo, condenou o apoio pessoal do presidente a protestos contrários à democracia e as agressões de apoiadores de Bolsonaro a profissionais de saúde e da imprensa.

“É preciso investigar e punir quem patrocina essas verdadeiras milícias antidemocráticas contra o Brasil”, escreveu Araújo em nota emitida em nome do PSDB.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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