Sob pressão de partidos do centrão que querem mudar a organização ministerial do Poder Executivo, o governo admite barganhar para tentar manter enxuta a quantidade de 22 pastas. Um dos pontos que podem ser cedidos é o retorno do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) , hoje no Ministério da Justiça, à pasta de Economia.
Relator do projeto que altera a Medida Provisória editada pelo presidente Jair Bolsonaro para montar seu governo, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) afirmou ontem que esse é um dos pontos que Palácio do Planalto poderá aceitar. Bezerra Coelho é líder do governo no Senado.
— Já admitimos rever as questões de competência, do que cabe a cada ministério, para manter o mais importante, que é a quantidade de ministros — afirmou.
Segundo ele, o retorno da Funai e da demarcação de terras indígenas ao Ministério da Justiça, assim como a atribuição do registro sindical e do Coaf à pasta de Economia são as alterações prováveis. Já a ideia de reverter a extinção do Ministério do Trabalho, defendida por partidos de esquerda, não está na mesa.
A comissão especial para analisar a MP deve se reunir nesta terça-feira à tarde. Ela é de composição mista, ou seja, de deputados e senadores. Parlamentares pediram, ainda, que seja explicitado qual órgão é responsável por políticas LGBT, tema que não é tratado na MP que estruturou o governo Bolsonaro, e a recriação do Conselho de Segurança Alimentar.
Reunião
Bezerra informa, porém, que as mudanças serão discutidas com líderes partidários hoje pela manhã e levadas ao presidente e ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, no fim da tarde. Só com o aval de Bolsonaro será definido o texto do relatório, que deve ser apresentado na terça-feira.
— O objetivo é aprovar o relatório na quarta-feira. O texto só será definido hoje, após conversar com os líderes e com o presidente Jair Bolsonaro, para que ele esteja de acordo — afirmou.
No fim do mês passado, em um café com jornalistas, Jair Bolsonaro havia admitido a mudança do Coaf. A declaração, porém, gerou uma reação do próprio ministro Sergio Moro, que se opõe à retirada do órgão de sua pasta. “O Coaf é órgão de inteligência contra a lavagem de dinheiro. Não se combate o crime atualmente sem enfrentar a lavagem de dinheiro”, escreveu Moro em rede social.
Logo depois, na segunda-feira da semana passada, o porta-voz do Planalto, Otávio do Rêgo Barros, afirmou que o órgão permaneceria na Justiça, se dependesse da vontade “pessoal” do presidente, e que a “posição do presidente é de manutenção do Coaf junto ao Ministério da Justiça”.
Partidos do centrão, em especial o líder do PP, Arthur Lira (AL), que tem criticado duramente o governo, não ficaram contentes. Ameaçaram se unir à oposição, em especial ao PT, para apresentar uma emenda ao relatório e exigir a retirada do Coaf do Ministério da Justiça na comissão. Aliados chegaram a cogitar a ideia de apresentar um relatório separado ao de Bezerra, unindo partidos do centrão e os petistas em torno de uma proposta paralela à do governo, para mandar um recado ao governo Bolsonaro de que cabe ao Congresso decidir sobre a estrutura ministerial.
Por enquanto, porém, a ideia está suspensa até as conversas de hoje, com a expectativa de que o resultado torne desnecessária a jogada para desgastar o governo. A ideia é que Bezerra convença o presidente da necessidade de tirar o Coaf das mãos de Moro, entre outras mudanças, antes de apresentar o relatório. Bezerra já parte do pressuposto, porém, de que deputados e senadores vão apresentar discordâncias pontuais do relatório, que podem ser votadas na comissão. O texto também pode passar por ajustes quando chegar ao plenário.
Segundo o líder do PR na Câmara dos Deputados, Wellington Roberto (PR-PB), é inevitável que o tema do Coaf seja votado na comissão caso Fernando Bezerra não inclua a alteração em seu relatório, e que a proposta conta com o apoio de diversos líderes.
— Acredito que isso seja maioria (no Congresso). Será apresentada uma emenda, com certeza, e grande parte dos líderes vai se posicionar a favor. É muito mais prudente o governo já aceitar nossa posição do que a gente brigar para mudar ( o relatório) depois.
Parlamentares defendem que o Coaf no Ministério da Justiça representa risco de vazamentos sobre a atividade financeira de políticos. O presidente da comissão que analisa a MP no Congresso, deputado João Roma (PRB-BA), conversou com Moro sobre o tema e disse ao ministro que os políticos precisam de garantias de que o sigilo bancário será preservado, estando o Coaf no Ministério da Economia ou na Justiça. A preocupação é que o órgão seja usado como instrumento para pressionar a classe política.
— Quem tem medo do Coaf com o Moro? O PSL não tem medo do Coaf com o Moro, e acredito que os parlamentares não tenham medo também — diz Delegado Waldir (GO), líder do PSL na Câmara dos Deputados.
Na última sexta-feira, o ministro da Justiça reagiu à pressão exercida por parlamentares, dizendo, em entrevista coletiva, que a discussão sobre a mudança no Coaf é “um pouco baseada numa certa incompreensão do que nós pretendemos fazer”, e que as informações sobre lavagem de dinheiro fornecidas pelo Coaf são “extremamente úteis” para combater organizações criminosas.
O Globo
Portal Santo André em Foco
Algumas das principais medidas anunciadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) serão alvo de análise do plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) nos próximos meses. Elas foram questionadas judicialmente em ações que podem reacender as críticas ao tribunal e ampliar a tensão com grupos de apoio ao governo.
Entre elas, são questionadas medidas administrativas que tocam em temas caros ao bolsonarismo, como a transferência das demarcações indígenas da Funai (Fundação Nacional do Índio) para o Ministério da Agricultura e o decreto que ampliou as hipóteses que autorizam a posse de arma, promessa de campanha do presidente.
Outras quatro decisões governamentais questionadas foram o corte no orçamento das universidades públicas federais, a extinção do Ministério do Trabalho, o fim do desconto em folha da contribuição sindical e a extinção de conselhos de participação popular no governo.
Antes de emitir uma decisão, os ministros relatores das ações pediram mais informações ao governo e a opinião do Ministério Público.
Não há data confirmada para que as ações sejam julgadas, mas os ministros Celso de Mello, Luiz Fux e Marco Aurélio decidiram levar diretamente ao plenário a análise dos três casos sob a responsabilidade deles, o que, em tese, pode tornar a tramitação do processo mais rápida.
Veja quais são as ações contra as medidas do governo e quais os próximos passos de cada processo.
Posse de armas
Uma das primeiras medidas do governo Bolsonaro, a publicação do decreto que facilita a posse de arma no país foi contestada no STF por duas ações diretas de inconstitucionalidade, apresentadas pelos partidos PSB e PCdoB.
O decreto de Bolsonaro permite que moradores da zona rural ou das cidades de todas as regiões do Brasil possam pleitear à Polícia Federal a autorização para manter uma arma de fogo em casa.
Antes, para ter a posse autorizada, era necessário provar a "efetiva necessidade" do armamento para a própria segurança. Agora, o decreto do governo diz que, por morarem em áreas com elevado índice de criminalidade, qualquer cidadão do país se enquadra no critério de "efetiva necessidade". Porém, ainda é preciso cumprir outros requisitos, como não ter antecedentes criminais.
Na ação, o PCdoB alega que esse tipo de alterações nas regras para a posse de arma só poderia ser feito por meio de lei aprovada pelo Congresso Nacional, e não por decreto do presidente da República. Já o PSB afirma que a necessidade da arma de fogo precisa ser comprovada caso a caso e que não pode haver a generalização proposta pelo decreto.
A ação do PSB é relatada pelo ministro Edson Fachin, e a do PCdoB está sob a responsabilidade de Celso de Mello, ministro há mais tempo em atividade no tribunal.
Os ministros pediram informações ao governo antes de decidir sobre os pedidos de liminar, decisão provisória que pode ser tomada antes do julgamento em definitivo da ação.
Celso de Mello informou que levará ao plenário a análise do pedido de liminar, o que pode fazer com que o caso já seja julgado em definitivo pelo tribunal.
Mudanças na Funai
A transferência da atribuição sobre a demarcação de terras indígenas da Funai para o Ministério da Agricultura foi contestada no Supremo por uma ação direta de inconstitucionalidade apresentada pelo PSB.
O partido afirma que o Ministério da Agricultura não possui experiência nessa função e historicamente representa interesses opostos à demarcação de terras indígenas, estando focado na expansão do agronegócio.
O pedido de decisão liminar (provisória) foi negado pelo ministro Luís Roberto Barroso, relator da ação, mas, na decisão, Barroso afirma que poderá voltar a analisar o caso a depender da "evolução dos fatos" relativos às demarcações indígenas.
Em sua decisão, Barroso afirmou que a mudança nas atribuições dos órgãos do governo não seria suficiente para caracterizar uma violação ao direito dos índios à demarcação previsto na Constituição Federal.
"A simples mudança do órgão competente para a demarcação não significa, por si só, sem outros elementos interferência sobre os interesses das comunidades indígenas", disse o ministro na decisão.
Mas afirmou que a Constituição garante o direito à demarcação das terras indígenas e que uma eventual recusa do governo em realizar a destinação dessas terras poderia ser alvo do Supremo.
"Essa competência [demarcação de terras pelo governo] não é discricionária, mas vinculada, não estando sujeita a opções políticas. Não se deve presumir, todavia, que o Poder Público irá desviar-se dessa finalidade. Se os fatos vierem a provar o contrário, aí será o caso de o Judiciário intervir", escreveu Barroso.
Fim do Ministério do Trabalho
Na reforma administrativa do governo que reduziu o número de ministérios, Bolsonaro decidiu extinguir o Ministério do Trabalho e dividir as antigas atribuições da pasta entre os ministérios da Economia, da Justiça e da Cidadania.
A medida foi questionada no STF em uma ação direta de inconstitucionalidade apresentada pelo PDT. O partido afirma que, na prática, a extinção do ministério prejudica a implementação dos direitos dos trabalhadores previstos na Constituição.
O relator do processo no Supremo é o ministro Ricardo Lewandowski. Ele pediu que a AGU (Advocacia-Geral da União) e a PGR (Procuradoria-Geral da República) se manifestassem no processo antes de tomar uma decisão.
A AGU já respondeu defendendo a medida, mas a Procuradoria ainda não se manifestou.
Contribuição sindical
O Supremo já recebeu nove ações contra a Medida Provisória publicada por Bolsonaro que proíbe o desconto na folha de pagamento da contribuição sindical e determina que o recolhimento da contribuição deve ser feita apenas por meio de boleto bancário.
A medida provisória também determina que a contribuição só pode ser cobrada após autorização expressa, individual e por escrito do trabalhador. Antes, a contribuição podia ser descontada diretamente da folha salarial, no mês de março de cada ano, e dependia apenas de autorização feita por negociação coletiva ou assembleia da categoria.
A contribuição sindical, também chamada de imposto sindical, foi criada em 1940 por um decreto-lei e posteriormente incorporada à CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), de 1943. Por ser obrigatória, a contribuição se tornou um dos principais mecanismos de financiamento dos sindicatos brasileiros.
Apenas em 2017, com a reforma trabalhista aprovada no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), a contribuição sindical deixou de ser obrigatória, mas ainda era feita por meio de desconto na folha de pagamentos.
A alteração proposta pelo governo Bolsonaro proibiu o desconto em folha e passou a exigir autorização individualizada de cada trabalhador.
A medida, segundo as entidades sindicais que acionaram o STF, viola os princípios da autonomia e da liberdade sindical previstos na Constituição, pois interfere em assuntos internos dos sindicatos ao proibir que eles instituam sua fonte de custeio por assembleia geral ou convenção coletiva de trabalho.
As entidades também dizem que o tema não poderia ser regulamentado por medida provisória, pois não há nesse caso a urgência exigida por lei para a edição de medidas provisórias.
As ações foram apresentadas por entidades sindicais, pelo PDT e pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
O ministro Luiz Fux é o relator dos processos sobre esse tema. Ele decidiu leva ao plenário a análise dos pedidos de liminar, o que pode fazer com que o caso já seja julgado em definitivo pelo tribunal.
Extinção de conselhos
O ministro Marco Aurélio decidiu submeter ao plenário do STF a ação ajuizada pelo PT contra o decreto do presidente Jair Bolsonaro que pretende acabar com dezenas de conselhos da administração federal que contam com a participação da sociedade civil.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), que contestou a medida em nota pública, ao menos 35 conselhos devem ser extintos pelo ato do presidente, entre eles, o Comitê Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conatrap), a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), o Conselho Nacional de Combate a Discriminação e Promoção dos Direitos de LGBT (CNCD/LGBT) e o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI).
Ainda não há data para o julgamento. Cabe ao presidente do STF, ministro Dias Toffoli, incluir o processo na pauta.
Cortes no orçamento para as universidades
O partido Rede Sustentabilidade entrou com uma ação no STF contra o corte no orçamento de universidades federais anunciado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. Para a Rede, a medida viola a autonomia universitária e princípios orçamentários, além de representar um mecanismo "insidioso para patrulha ideológica".
O relator da ação no Supremo é o ministro Marco Aurélio Mello, que foi escolhido por meio de sorteio eletrônico responsável pela distribuição dos processos. Ainda não há data para o julgamento do processo.
UOL
Portal Santo André em Foco
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, passou cerca de uma hora na noite deste domingo(5) reunido com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Segundo interlocutores, o ministro tomou a iniciativa de ir ao Palácio se explicar ao presidente após passar o dia sob ataques nas redes sociais . A hashtag #ForaSantosCruz se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter ao longo do dia.
Na conversa com Bolsonaro, o ministro teria argumentado que não se tratava de um ato espontâneo, mas era alvo de uma ação coordenada, com a participação dos filhos do presidente, o chefe da Secretaria de Comunicação, Fábio Wajngarten, e assessores ligados ao ideólogo de direita, Olavo de Carvalho.
De acordo com um auxiliar do presidente, Bolsonaro reagiu e afirmou que o ministro estaria desviando do “foco central” da divergência, que seria o controle das redes sociais. O presidente teria se irritado com o fato do ministro não admitir que estava errado, quando defendeu na rádio Jovem Pan em abril, uma legislação para as mídias sociais. A entrevista, concedida há um mês, passou a circular neste domingo.
— Isso tem de ser feito. Mas tem de usar com muito cuidado, para evitar distorções, e que vire arma nas mãos dos grupos radicais, sejam eles de uma ponta ou de outra. Tem de ser disciplinado, até a legislação tem de ser aprimorada, e as pessoas de bom senso têm de atuar mais para chamar as pessoas à consciência de que a gente precisa dialogar mais, e não brigar — disse Santos Cruz, na ocasião.
Apesar da conversa ter sido considerada “dura”, Santos Cruz segue no cargo. Nesta segunda-feira (6), Santos Cruz viaja a São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, em uma agenda da Secretaria Especial de Articulação Social, onde vai acompanhar trabalhos de atendimento de saúde à população indígena na fronteira.
O presidente Jair Bolsonaro reafirmou neste domingo (5), em sua conta no Twitter, o compromisso de não regulamentar a mídia e de defender a democracia.
“Em meu governo a chama da democracia será mantida sem qualquer regulamentação da mídia, aí incluída as sociais. Quem achar o contrário recomendo um estágio na Coréia do Norte ou Cuba”, escreveu o presidente.
Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro afirmou que não pretendia colocar em prática qualquer tipo de regulação dos meios de comunicação. Em outubro do ano passado, após o primeiro turno, ele declarou: “A mídia tem que ser livre. Imprensa livre é sinal de democracia e liberdade”.
Na noite de sábado (4), o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, tinha usado o Twitter para questionar os critérios de redes sociais como o Facebook para banir perfis por compartilhar notícia falsas e discurso de ódio:
“Tradicionais veículos de comunicação que a todo momento espalham fake news não são banidos das redes. Mas perfis de pessoas comuns, conservadores/de direita, a todo momento sofrem perseguição quando se é notório que não espalham fake news e sim usam sua liberdade de expressão?!”, questionou, acrescentando: “Comumente perfis de direita são banidos de redes sociais. A desculpa é sempre a mesma: espalhar fake news ou discurso de ódio. Igualmente frequente é a clareza com que são desculpas esfarrapadas usadas para punir os banidos que têm discurso contra a esquerda”.
Após a postagem de Jair Bolsonaro, Eduardo voltou a se manifestar hoje no Twitter, em defesa da liberdade de expressão:
“O que não queremos para nós também não podemos desejar para os outros. Mesmo ao falar de uma fake news contra Bolsonaro sempre defendemos a não regulamentação da internet ou da imprensa. A melhor pessoa para fazer esse filtro é você. Assim também fizeram Chávez e Maduro na Venezuela. Resultado: diversas imprensas foram fechadas ou saíram do país (sic). Toda ditadura controla os meios de comunicação sob o pretexto de ‘melhorá-los’, ‘democratizá-los’ ou de barrar fake news e crimes de ódio”.
O ministro da Justiça, Sergio Moro, também respondeu à declaração do presidente:
“No ponto, bom lembrar que não fosse a vitória eleitoral do Pr Jair Bolsonaro, estaríamos hoje sob ‘controle social’ da mídia e do Judiciário e que estava expresso no programa da oposição ‘democrática’. Aliás, @jairbolsonaro reafirmou hoje o compromisso com a liberdade da palavra”, escreveu o ministro no Twitter.
Moro ponderou, no entanto, que a liberdade de expressão não é livre conduto para ameaças:
“Claro, tal liberdade não abrange ameaças. Não significa também que concordo com excessos ou ofensas a quem quer que seja, mas apenas que, para essas, não acredito que o remédio seja a censura. A resposta às críticas injustas da imprensa ou das redes sociais não pode jamais ser a censura ou o controle da palavra. Deve ser o aprofundamento do debate, o livre intercâmbio da idéias. O esclarecimento e não o silêncio. Sou daqueles que ainda acreditam na liberdade de expressão e na de imprensa”.
O Globo
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Região com o maior índice de reprovação ao presidente Jair Bolsonaro, o Nordeste ganhará uma força-tarefa de ações do governo federal. Na última reunião do conselho de ministros, Bolsonaro encomendou que cada pasta apresentasse realizações para os noves estados nordestinos, governados por políticos da oposição. Em busca de aproximação, o presidente deseja iniciar uma série de viagens pela região e, segundo assessores do Palácio, “não quer chegar de mãos abanando.”
A investida no Nordeste será liderada pela pasta do Desenvolvimento Regional (MDR), do ministro Gustavo Canuto. No dia 24 deste mês, no Recife, ele comanda a reunião do Conselho Deliberativo (Condel) da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que votará o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE).
Bolsonaro é esperado no encontro, em que estarão os governadores dos nove estados da região, além de Minas Gerais e Espírito Santo. A ida, no entanto, não foi confirmada pelo Planalto. Na oportunidade, também será revisada a aplicação de recursos dos Fundos Constitucional e de Desenvolvimento da região (FNE e FDNE). Para este ano, são mais de R$ 24 bilhões disponíveis para investimentos.
— O projeto para o Nordeste está andando muito bem. Hoje mesmo nós tivemos uma reunião excelente sobre esse plano de ação em relação ao Nordeste. Excelente. Talvez em pouco tempo vocês tenham notícia mais detalhada sobre isso — disse na terça-feira da semana passada o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional.
Dessalinização
De acordo com o ministro, uma das prioridades é a água. Desde a campanha, Bolsonaro promete levar a tecnologia de dessalinização de Israel para o Nordeste. O presidente tratou do assunto em viagem ao país do Oriente Médio, em março.
— A água segue prioridade, a capacidade de permitir que o ano inteiro o nordestino tenha condições de plantar, colher — disse Heleno.
Segundo o governo, o PRNDE, que traça as ações prioritárias para a região e indica as fontes de financiamento por quatro anos, será submetido ao Congresso Nacional e passará tramitar junto com o Plano Plurianual (PPA). O Executivo argumenta que a medida dará mais segurança às execuções das obras.
O plano, segundo o MDR, está dividido em seis eixos estratégicos: Ciência, Tecnologia e Inovação; Desenvolvimento Econômico; Educação; Meio Ambiente e Recursos Hídricos; Desenvolvimento Social; e Governança Institucional e Financiamento.
Ações
As pastas preparam as ações que serão apresentadas ao presidente nos próximos dias. O Ministério da Infraestrutura informou que estão previstas para inauguração até o fim do ano a construção de viadutos, alargamentos e duplicação de trechos de BRs em Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará, Alagoas e Bahia.
O Ministério de Ciência e Tecnologia tem duas frentes de atuação que passam pelo Nordeste. Uma das metas prioritárias para os primeiros 100 dias do governo, o Centro de Testes de Tecnologias de Dessalinização (CTTD), já foi inaugurado em abril, em Campina Grande (PB), ao custo de R$ 219 mil para construção, operação de testes e salário de pessoal.
Majoritariamente direcionado para a região, o projeto Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac) consiste na implantação de internet banda larga em escolas, telecentros, bibliotecas, unidades de saúde e bases das Forças Armadas em todo o Brasil. Dos mais de 2.500 pontos de conexão já instalados neste ano no país, 1.377 ficam no Nordeste — e mais de 2.000 são em unidades de ensino. Até agosto, o ministério prevê que 6.500 escolas rurais sejam atendidas.
O Globo
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