Iluminados e iluminadores
Pensei no título deste artigo a partir de uma belíssima canção do Padre Zezinho, situada no CD “Cuida bem da Palavra”, faixa 02, Comep. Assim ele se expressa: “Somos velas acesas por Ti! Cabe a nós acender outras luzes! Iluminados, iluminadores, queremos ser, ó Senhor! Tu és a grande luz e nós pequenas luzes; levaste a grande cruz e nós pequenas cruzes. És quem és e nós somos quem somos. Somos velas acesas em ti e por Ti, cabe a nós iluminar!”.
Na verdade, antes de sermos iluminadores, somos iluminados. Não temos luz própria! Não há como acender uma luz sem que esteja conectada à rede e esta na fonte da energia. Quando alguém se aventura a brilhar por si, se expõe ao apagão. A experiência da luz que vem e passa adiante é um dos fenômenos mais significativos da vida.
A luz sempre se apresenta como símbolo da criação: tira do nada noturno um dia majestoso, iluminado e iluminador. A Luz é uma realidade tão significativa e portadora de vida que toda a história das religiões sempre jogou com o simbolismo contrastante da luz e das trevas. Desde os povos antigos cultivou-se o reconhecimento de Deus como autor e fonte da luminosidade. Assim como o reino das trevas sempre foi visto como a morada natural dos demônios. A primeira ação de Deus registrada na Bíblia é a separação da luz e das trevas (Gn 1,3-5).
“Deus é luz e nele não há trevas... se caminhamos na luz, como ele está na luz, então estamos em comunhão uns com os outros” (1Jo 1,5-7). Paulo nos afirma: “Vós todos sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas” (1Ts 5,5). Somos filhos da luz. Todo o nosso viver é iluminado, porque Deus habita em nós.
Com muita frequência ouve-se dizer: “Fulano, fulana é um iluminado!”. Na verdade todos somos iluminados a partir daquele que é a Luz. O que necessitamos é acolher esta luz e deixar-nos iluminar. Quando nos aprisionamos em nosso egoísmo, fechamos portas e janelas e não deixamos a luz do sol entrar. Se caminharmos na luz estamos em comunhão uns com os outros, mas se nos fecharmos nas trevas aumentamos a multidão dos solitários, pois não reconheceremos o rosto e nem o coração de quem convive conosco.
Nossa vida cristã nos é dada para sermos iluminados e iluminadores, pois aquele que disse: “Eu sou a Luz do mundo, quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12), também disse: “Vós sois a luz do mundo... Assim brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,13-16).
O tema desta reflexão pode nos inquietar ou nos deixar indiferentes. Em geral sabemos o que queremos, mas nem sempre nos deixamos questionar para que este querer se concretize. Creio que fica bem deixar esta reflexão em aberto servindo-nos das simples perguntas: Como podemos cultivar uma vida iluminada e quando nos tornamos realmente iluminadores? Quem são os iluminados? Por onde andam os iluminadores?
Frei Luiz Turra
COMECE O DIA FELIZ
Portal Santo André em Foco
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