O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar, nesta terça-feira (2), o ministro Alexandre de Moraes, que assume no meio deste mês a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em entrevista à radio Guaíba, Bolsonaro afirmou que os inquéritos, como o das fake news, são "ilegais, imorais" e que o magistrado faz "tudo de errado".
"Os inquéritos de Alexandre de Moraes [são] complemente ilegais e imorais. É uma perseguição implacável por parte dele. A gente sabe o lado dele, está certo? E eu falo: estamos jogando dentro das quatro linhas [da Constituição]. Falei agora, na minha convenção no Rio de Janeiro, vamos pela última vez às ruas para mostrar àqueles surdos, poucos surdos, que o povo tem que ser o nosso norte", afirmou.
Na sequência, o presidente voltou a levantar suspeitas sobre as urnas eletrônicas, sem apresentar provas. Bolsonaro argumenta que o inquérito feito pela Polícia Federal aponta as fragilidades do equipamento utilizado nas eleições brasileiras e não tem caráter sigiloso.
Contudo, a Corregedoria da PF concluiu que o inquérito não estava sob sigilo judicial, mas estava em andamento, portanto, sob sigilo funcional. O documento é assinado por Daniel Carvalho Brasil Nascimento. O TSE já informou também que as urnas não são passíveis de fraude.
"Esse inquérito não foi concluído ainda. Por quê? Interferência, de dentro da Polícia Federal. De quem? Não sei. Isso que a procuradora Lindôra fez, ou melhor, dizendo a Alexandre de Moraes que esse inquérito não tem fundamento", completou.
Na última segunda-feira (1º), a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, pediu pela segunda vez o arquivamento de um inquérito pelo qual Bolsonaro responde por justamente ter vazado dados sigilosos de uma investigação.
Moraes, por sua vez, negou o arquivamento e solicitou novas diligências, como a realização de perícia no celular de Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, que estaria envolvido na realização da transmissão pelas redes sociais.
Durante a entrevista, Bolsonaro comentou as diligências solicitadas pelo ministro. "Quebraram o sigilo do meu ajudante de ordens. Isso eu não vou adjetivar aqui, que é um crime o que essa pessoa cometeu. O objetivo é ver as informações, as mensagens que eu troco com ele, algumas confidenciais. Me informo, me abasteço de informações. Ele está fazendo tudo de errado, tudo de errado e, no meu entender, não vai ter sucesso no seu intento final", completou.
Reportagem do R7 mostrou, em fevereiro, que os depoimentos colhidos pela PF no inquérito que apura vazamento de informações de uma investigação de ataque de hacker ao TSE apontam contradições, uso indevido de documentos sigilosos e até ajuda tecnológica de um residente nos Estados Unidos - no caso, irmão do ajudante de ordens de Bolsonaro.
A corporação concluiu o inquérito e decidiu não indiciar o presidente Jair Bolsonaro. No entanto, para a delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, o presidente cometeu crime de violação de sigilo funcional ao divulgar documentos sigilosos.
R7
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