Em encontro com pastores fora da agenda oficial, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta-feira (13), que a compra pelas Forças Armadas de 35.320 unidades de citrato de sildenafila, conhecido como Viagra, "não é nada", que a instituição "está apanhando muito" e que o produto serve para combater a hipertensão arterial pulmonar.
“As Forças Armadas estão apanhando muito de ontem [terça] para hoje por ter comprado Viagra para os hospitais militares. Temos que reportar que há 15, 20 anos atrás estava se pesquisando algo para combater a hipertensão arterial pulmonar, que matava muito, e foi descoberto um remédio para isso. Paralelamente, esse mesmo remédio serviu para doenças reumatológicas (sic) e, como efeito colateral, algo que combatia também a impotência sexual. Depois, ficou conhecido como Viagra”, disse.
Na sequência, o presidente destacou que o remédio é destinado, em sua maioria, para servidores pensionistas e inativos das Forças Armadas.
"Com todo o respeito, não é nada a quantidade [de remédio adquirido] para o efetivo das três Forças; obviamente, muito mais usado pelos inativos e pensionistas. A gente apanha todo dia de uma imprensa que tem muita má-fé e é ignorante", completou.
As declarações foram dadas por Bolsonaro durante um encontro realizado no Palácio da Alvorada, em Brasília, com lideranças da maior conferência de pastores do Brasil, a Convenção Geral das Assembleias de Deus. Parlamentares e ministros também participaram do café da manhã. O encontro não constava na agenda oficial de Bolsonaro, mas foi compartilhado pelo deputado federal Major Vitor Hugo (União-GO).
Uso do medicamento
As Forças Armadas brasileiras autorizaram processos de compra de 35.320 unidades de citrato de sildenafila, conhecido como Viagra. O medicamento é indicado para o tratamento de homens com disfunção erétil. Dados do Portal da Transparência e do Painel de Preços do governo federal mostram oito pregões homologados entre 2020 e 2021 e ainda em vigor neste ano.
A maior parte das aquisições é direcionada à Marinha, com 28.320 unidades. No caso do Exército, foram 5.000 comprimidos, e no da Aeronáutica, 2.000. O Ministério da Defesa, na época, era chefiado pelo ex-ministro Braga Netto, cotado para a cadeira de vice na chapa de Bolsonaro à reeleição nas eleições de outubro deste ano.
O Ministério da Defesa enviou uma nota em que frisa a mesma informação: "a aquisição de sildenafila visa o tratamento de pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar". "Esse medicamento é recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de HAP. Por oportuno, os processos de compras das Forças Armadas são transparentes e obedecem aos princípios constitucionais", declarou a pasta.
CPI
A compra de 35 mil comprimidos de Viagra pode virar CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara dos Deputados. O líder do PSB na Casa, deputado federal Bira do Pindaré (MA), tenta reunir as assinaturas necessárias para a instauração da investigação. São necessárias, no mínimo, 171 assinaturas de deputados para a criação da comissão.
R7
Portal Santo André em Foco
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