Setembro 29, 2024

Irã vota na eleição presidencial que tem ultraconservador como grande favorito

Os iranianos votam nesta sexta-feira (18), sem grande entusiasmo, para escolher um novo presidente, em um processo que tem o ultraconservador Ebrahim Raisi como grande favorito.

O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, foi o primeiro a votar, na capital Teerã (foto acima), e convocou os quase 60 milhões de eleitores a cumprir com seu "dever cívico" o mais cedo possível.

Após três semanas de uma campanha apática, as autoridades decidiram ampliar o horário de votação até a meia-noite (16h30 em Brasília), prazo que ainda pode ser ampliado em mais duas horas para obter a maior taxa de comparecimento possível. Os resultados devem ser divulgados no sábado (19).

Mais de 600 candidatos se inscreveram para concorrer à presidência, mas só sete foram aceitos (a maioria conservadores). A decisão gerou polêmica pela desqualificação de três candidaturas de peso:

  • Do ex-presidente populista Mahmud Ahmadinejad;
  • Do vice-presidente reformista Eshaq Yahanguiri;
  • Do ex-chefe do Parlamento Ali Larijani, atual conselheiro do guia supremo Ali Khamenei.

Mas apenas quatro permaneceram na disputa, depois que três desistiram de participar na quarta-feira (18), e dois deles pediram votos para Raisi (veja mais abaixo sobre os candidatos).

Para a oposição no exílio, o ultraconservador é a encarnação da repressão e seu nome está associado às execuções de detidos de esquerda em 1988. O candidato nega qualquer participação.

Diante dos apelos nas redes sociais por um boicote à votação, Khamenei convocou seus compatriotas a participarem em grande número da votação para eleger um "presidente forte".

Mas, segundo as poucas pesquisas divulgadas, o nível de abstenção pode superar o recorde de 57%.

Os poucos cartazes eleitorais espalhados pela capital Teerã mostram o rosto austero de Raisi com seu habitual turbante negro. O ultraconservador de 60 anos comanda a Autoridade Judicial e não tem rivais de peso após o veto aos seus principais adversários políticos.

Em um local de votação instalado na mesquita Lorzadeh, em Teerã, um retrato do general iraniano Qasem Suleimani, morto em um ataque dos Estados Unidos no Iraque em janeiro de 2020, "observava" os eleitores.

Na mesquita Hosseiniyeh-Ershad, uma família exibia cartazes com lemas ultraconservadores: "Oh Guia, estamos dispostos a sacrificar nossas vidas" e "Israel em breve será apagado do mapa".

'Não aceito estes candidatos'
Os únicos rivais de Raisi ainda na disputa são:

  1. Amirhosein Ghazizadeh-Hachémi, um deputado relativamente desconhecido;
  2. General Mohsen Rezai, ex-comandante da Guarda Revolucionária iraniana;
  3. Abdolnaser Hemati, um tecnocrata ex-presidente do Banco Central do país.

Este último é considerado o único reformista na disputa.

Uma opinião ouvida com frequência nas ruas é a de que a eleição foi decidida de antemão e organizada para farantir a vitória de Raisi (o que as autoridades negam).

"Eu amo meu país, mas não aceito estes candidatos", afirma Abolfazi, um ferreiro de 60 anos que defendeu a Revolução Islâmica de 1979 mas se diz decepcionado com as opções políticas.

Já Maryam, que trabalha na iniciativa privada, diz que não vai votar como "uma forma de protesto".

O poder do presidente
Apesar da eleição, o presidente tem prerrogativas limitadas no Irã, pois o poder real está nas mãos do guia supremo, Ali Khamenei.

O atual presidente, o moderado Hassan Rohani, não pode disputar novamente a eleição por já estar em seu segundo mandato consecutivo de quatro anos.

Sua gestão foi prejudicada pela saída dos Estados Unidos, em 2018, do acordo nuclear assinado três anos antes com as maiores potências do mundo, que afetou duramente sua política de abertura do país.

Insatisfação popular
O descontentamento da população e a rejeição às autoridades são cada vez maiores no país, diante da grave crise econômica e social causada pelo retorno das sanções americanas após a saída do acordo nuclear.

O Irã registrou duas ondas de protestos nos últimos anos, primeiro no fim de 2017 e início de 2018 e depois em novembro de 2019, e ambas foram violentamente reprimidas.

A prioridade do próximo presidente, então, terá de ser a recuperação econômica. Para isso, todos os candidatos concordam com a necessidade da suspensão das sanções americanas ao país.

G1
Portal Santo André em Foco

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