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'É visível que o ex-presidente tentou dar um golpe no país', diz Lula após STF tornar Bolsonaro réu Featured

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou nesta quarta-feira (26) a decisão unânime da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou Jair Bolsonaro e sete de seus aliados réus por tentativa de golpe de Estado.

"É visível que o ex-presidente tentou dar um golpe no país, é visível que ele tentou contribuir para o meu assassinato", afirmou Lula.

A declaração foi dada em Tóquio, onde Lula cumpre agenda oficial com uma comitiva de ministros. Após falar com jornalistas, o brasileiro seguiu viagem para Hanói, capital do Vietnã, onde também se reúne com políticos e empresários locais nos próximos dias.

Lula também voltou a se manifestar contra os pedidos de anistia (perdão do crime) feitos por Bolsonaro e aliados para beneficiar quem participou dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

"Não adianta ficar pedindo anistia antes do julgamento. Quando ele pede anistia, ele está dizendo que ele foi culpado", afirmou.

Lula também afirmou que seria "presunção" dar um prognóstico sobre a decisão. "Eu acho que Suprema Corte está se baseando e se manifestando nos autos do processo, depois de meses e meses de investigação muito bem feita Polícia Federal, pelo Ministério Público", disse.

"Eu inclusive quero que ele tenha a presunção de inocência que eu não tive. Não é o homem Bolsonaro que está sendo julgado, é um golpe de Estado que está sendo julgado. Ao invés de chorar, caia na realidade e saiba que você cometeu um atentado contra a soberania desse país", seguiu Lula.

No discurso que antecedeu a pergunta, Lula comentou sobre os objetivos da viagem, como a volta dos investimentos japoneses na economia brasileira. "Nós precisamos retomar uma relação comercial forte com o Japão", disse.

Além disso, frisou a qualidade da carne brasileira. "Espero que aqui no Japão vocês aprendam a fazer churrasco", brincou.

Bolsonaro réu
O ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados viraram réus nesta quarta-feira (26), acusados de tentar um golpe de Estado em 2022.

Essa decisão não significa que eles foram considerados culpados ou inocentes, mas que os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) viram indícios de crimes na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Na denúncia de mais de 300 páginas, a PGR acusa o grupo de formar o chamado "núcleo crucial" de uma organização criminosa, cujo objetivo seria destruir a democracia.

Após virar réu, o ex-presidente disse que as acusações são infundadas e voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e o sistema eleitoral brasileiro.

Viagem de Lula
A comitiva do presidente chegou ao Japão nesta segunda (24), com o objetivo de ampliar parcerias comerciais na Ásia. A equipe de Lula considera estratégico diversificar as correntes de negócios e sinalizar equilíbrio na guerra comercial travada atualmente entre chineses e americanos — os dois maiores parceiros comerciais do Brasil.

Também na quarta (26), o presidente se reuniu com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, no Palácio Akasaka.

Em discursos após o encontro:

  • Ishiba falou em ampliar investimentos no Brasil e em fortalecer a relação entre o Japão e o Mercosul;
  • Lula celebrou a parceria entre os países e defendeu um acordo Japão-Mercosul, mas também usou o discurso para lamentar a crise climática e a escalada do conflito em Gaza.

Antes da reunião bilateral, Lula e Ishiba participaram de um fórum empresarial em Tóquio. Lula lamentou a queda na relação comercial com o Japão de US$ 17 bilhões em 2011 para US$ 11 bilhões em 2024 e defendeu um acordo do Japão com o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia).

"Em um mundo cada vez mais complexo, é fundamental que parceiros históricos se unam para enfrentar as incertezas e instabilidades da economia global. Estou seguro de que precisamos avançar com a assinatura de um acordo de parceria econômica entre Japão e Mercosul", disse.

Na terça (25), Lula e a primeira-dama, Janja, participaram de um jantar com o imperador do Japão, Naruhito, e a imperatriz Masako.

No discurso, Lula elogiou a ligação entre os dois países e disse contar com o "firme engajamento" do Japão na COP 30.

Segundo o governo brasileiro, o Japão recebe Lula como uma visita de "primeira categoria" – a mais alta da diplomacia local, realizada apenas uma por ano, o que prevê a audiência com o imperador.

g1
Portal Santo André em Foco

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