Setembro 29, 2024

Mourão diz que Ministério da Saúde 'sempre foi um lugar onde a corrupção andou' Featured

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta quarta-feira (30) que o Ministério da Saúde "sempre foi um lugar onde a corrupção andou".

Mourão deu a declaração após ter sido questionado sobre o suposto pedido de propina feito por um diretor do ministério a um representante de uma empresa durante a negociação de vacinas, informado nesta terça (29) em reportagem do jornal "Folha de S.Paulo".

"O Ministério da Saúde sempre foi um lugar onde a corrupção andou lá dentro, né? E você não consegue da noite para o dia desmanchar uma estrutura que se encontra lá dentro. Então, eu vejo que isso é responsabilidade dos gestores, que têm que estar atentos a isso o tempo todo", declarou o vice-presidente.

Hamilton Mourão afirmou ainda que a Controladoria Geral da União (CGU) precisa estar "atenta" a "determinadas movimentações".

Em entrevista à "Folha", o representante da Davati Medical Supply no Brasil, Luiz Paulo Dominguetti, disse que em fevereiro, em um jantar em Brasília, o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, pediu propina de US$ 1 por dose de vacina para a empresa assinar contrato com o ministério.

A negociação, segundo a reportagem, envolveria 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca.

A AstraZeneca informou que não tem intermediários no Brasil. Em nota à TV Globo, a farmacêutica afirmou que todas as doses de vacina do laboratório estão disponíveis por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais, como o consórcio internacional Covax Facility. A empresa acrescentou que não disponibiliza vacinas para o mercado privado nem para prefeituras e governos estaduais.

Também à TV Globo, a Davati, com sede nos Estados Unidos, informou ter sido procurada por um de seus representantes no Brasil para que ajudasse a encontrar vacinas contra a Covid para o país. Ainda na nota, a empresa afirmou que providenciou uma proposta ao governo federal a fim de assegurar vacinas, mas que nunca foi formalmente respondida. "Portanto, a apresentação entre o governo e o vendedor nunca foi feita, e a discussão nunca avançou para um contrato", acrescentou.

Exoneração do diretor
Horas após a reportagem ter sido publicada, o Ministério da Saúde divulgou uma nota na qual anunciou a exoneração de Roberto Dias.

Antes dessa nota, Roberto Dias disse ao repórter Nilson Klava, da GloboNews, que não pediu propina e que se tornou alvo de retaliação de Dominguetti após ter pedido a ele que comprovasse representar a AstraZeneca, o que, segundo Dias, nunca aconteceu.

Nesta quarta, Mourão disse que não tem conhecimento de irregularidades e que acredita que o presidente Jair Bolsonaro, se souber, acionou o Ministério da Saúde.

A entrevista
Ao jornal "Folha de S.Paulo", o representante da Davati Medical Supply no Brasil disse que Roberto Dias pediu propina de US$ 1 por dose de vacina para a empresa assinar contrato com o ministério.

Segundo o relato de Dominguetti à "Folha de S.Paulo", o pedido do diretor do ministério foi feito durante um jantar em 25 de fevereiro, em um restaurante de um shopping em Brasília. Ele afirmou ao jornal ter respondido que não pagaria propina.

De acordo com o jornal, Luiz Paulo Dominguetti Pereira disse que, durante o jantar, o diretor do Ministério da Saúde afirmou que "para trabalhar dentro do ministério, tem que compor com o grupo".

O representante da Davati, então, questionou qual seria esse grupo, e, de acordo com a publicação, o diretor respondeu que o acordo não avançaria se a Davati não compusesse com "o grupo".

Ao jornal, o representante da empresa disse ainda ter respondido a Roberto Dias que a companhia não opera assim, ao que o diretor do ministério pediu a ele que pensasse "direitinho" porque "se quiser vender vacina no ministério, tem que ser dessa forma".

O que diz o governo
O ministro das Comunicações, Fabio Faria, disse nesta quarta-feira (30) que Roberto Dias foi exonerado "prontamente porque a postura que ele teria tido, segundo a acusação, vai contra todas as diretrizes do governo, que abomina corrupção".

O líder do governo da Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), foi apontado pelo jornal como o padrinho da indicação de Roberto Dias ao cargo de diretor de logística do Ministério da Saúde, mas nega.

"Em relação à matéria da Folha, reitero que Roberto Ferreira Dias teve sua nomeação no Ministério da Saúde no início da atual gestão presidencial, em 2019, quando não estava alinhado ao governo. Assim, repito, não é minha indicação. Desconheço totalmente a denúncia da Davati", escreveu Barros em uma rede social após a publicação da reportagem.

O deputado também foi convocado a depor à CPI da Covid.

G1
Portal Santo André em Foco

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